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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) prendeu na manhã desta terça-feira (5) em Pelotas e Capão do Leão 14 integrantes da empresa segurança Nasf. Mais uma pessoa foi presa em flagrante por porte ilegal de arma. Dentre os presos está o tenente Nelson Antonio da Silva Fernandes, militar reformado proprietário da empresa, e dois sargentos temporários do Exército. O MP vai pedir a prisão preventiva dos indiciados.
A Operação Braço Forte, deflagrada após denúncia do MP em janeiro deste ano, cumpre 14 mandados de prisão, 26 de busca e apreensão em residências e 21 em veículos. Os presos, exceto os militares, serão encaminhados ao Presídio Regional de Pelotas (PRP).
O MP já ouviu oito vítimas de Pelotas, mas acredita que há dezenas de casos não registrados. "Esperamos que as pessoas venham até a promotoria e denunciem", afirma um dos coordenadores da operação, promotor Reginaldo Freitas da Silva.
São investigados os crimes de tortura, formação de milícia armada, lesões corporais e dano a patrimônio de terceiros. Participaram das diligências 150 agentes do MP, da Brigada Militar e da Polícia do Exército. O nome da operação é uma referência ao slogan da Nasf: "O braço forte da comunidade".
A investigação descobriu que o esquema comandado pelo tenente Nelson e pelo filho chega a arrecadar R$ 500 mil por mês. São cerca de cinco mil clientes atendidos.
Interceptações telefônicas comprovam a existência de milícia. Interceptações telefônicas comprovam a existência de milícia. O contrato com os funcionários é informal, mas conforme a abrangência, cada vigilante pode receber mensalmente mais de R$ 10 mil. De acordo com a polícia, o tenente Nelson tem treze antecedentes criminais, inclusive homicídio.
De igrejas a obras públicas
A empresa existe há cerca de uma década, mas há dois anos a empresa tomou conta do mercado de Pelotas e outros municípios da Zona Sul. Placas com o símbolo da Nasf - uma pantera negra - invadiram as fachadas de casas, prédios e até propriedades rurais. Igrejas e obras públicas também contrataram a segurança.
Ao longo do tempo, também iniciaram os boatos de formação de milícia, com chantagem a empresários e moradores que rejeitassem ou cancelassem o serviço, além de excesso de violência e até sessões de tortura em uma chácara contra ladrões flagrados pelos seguranças. Um vídeo circulou na internet com um suposto infrator machucado e sendo coagido a dizer que não entraria mais em domicílios que exibem a logomarca da empresa.
Na última sexta-feira (1), um homem de 50 anos registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal na Delegacia de Polícia de Piratini. Conforme o registro, duas caminhonetes com letreiros da Nasf teriam invadido a propriedade da vítima e a agredido com um cabo de machado. Os dois agressores estavam com coletes da empresa e buscavam o sobrinho do homem. O caso ocorreu em um assentamento.
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