A Polícia Civil realiza na manhã desta segunda-feira (16) operação no Rio Grande do Sul para combater crimes comandados de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). São investigados roubos seguidos de sequestros, ataques a carros-forte, venda e aluguel de armas, além de tráfico de drogas. Ao menos 19 pessoas foram presas.
Por trás dos crimes estão dois dos bandidos mais perigosos da última década no Estado e que se encontram detidos, mas mesmo assim, dando ordens de dentro das cadeias. São eles, o bandido Seco, José Carlos dos Santos, responsável por uma série de roubos a blindados, e o traficante Jura, Juraci Oliveira da Silva, comandante da venda de drogas no Campo da Tuca, zona Leste da Capital, e envolvido no assassinato do vice-presidente do Conselho Regional de Medicina, Marco Antônio Becker, em 2008.
Também está ligada ao esquema e já se expandindo para a região Central do Estado, a facção criminosa dos Bala na Cara, que atua em presídios e em toda Grande Porto Alegre e Litoral Norte.
*Escuta telefônica mostra o bandido Seco, na Pasc, em tom de deboche, dizendo que faz falta na rua. Isso depois de ver na TV e na Internet que não conseguiram roubar um blindado, não estouraram a "casa do gato", onde fica o dinheiro:
Operação Palco
A Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e as Delegacias Especializadas em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrecs) de Santa Maria e Caxias do Sul estão coordenando 110 policiais em 21 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão em mais oito cidades gaúchas.
A ação policial se divide em duas partes: os crimes de roubos comandados por Seco, principalmente na Serra e Norte gaúcho, e os crimes de tráfico de drogas comandados por ele e pelo Jura na região de Santa Maria.
Roubos (DEIC)
O delegado Joel Wagner, do Deic, responsável pela parte dos roubos, diz que os policiais cumpriram oito mandados de prisão e 12 de busca em sete cidades: Esteio, Sapucaia do Sul, Canoas, Farroupilha, Garibaldi, Charqueadas (Seco e Jura) e Vacaria (onde estava um dos informantes do bandido Seco).
Em seis meses de investigação, o Deic descobriu que Seco mantinha dois informantes na rua para repassar dados sobre empresários, bancos e carros-forte.
"Informações sobre rotina, horários, número de funcionários, valores, entre outros", diz Wagner.
Os informantes recebiam parte dos valores roubados e, caso o roubo não fosse concretizado, recebiam pelo menos R$ 500,00 pelos dados repassados. São eles: Adelar Correa (Lai ou Jaca), que tinha contato direto com Seco, e Eladeo Caesar Zanella (Zaza). Lai foi preso em Vacaria e há mais de dez anos é parceiro de Seco no que diz respeito ao repasse de informações sobre blindados.
*Escuta telefônica mostra Seco, na Pasc, e Lai falando sobre grande roubo a blindado para ser feito, de "encher a guaiaca":
Os outros integrantes eram os assaltantes que atuavam na rua e que também tinham a incumbência de cooptar mais criminosos para os roubos. Um deles, Paulo Henrique Rodrigues da Silva, o Paulinho Guri, que era o segundo integrante que mantinha contato direto com Seco, foi preso em julho pelo Deic em Sapucaia do Sul. Ele voltava do norte gaúcho após tentativa de ataque a carro-forte.
*Escuta telefônica mostra Seco conversando sobre escolha de trecho em rodovia para roubar carro-forte:
A Delegacia de Roubos do Deic investiga quatro ações da quadrilha de Seco neste ano, uma consumada e outras três tentativas.
"Conseguimos evitar três ações, dois ataques a carros-forte e um roubo a residência com sequestro", destaca Wagner.
O delegado Wagner diz que os dois roubos a blindados seriam na Serra e no Vale do Rio Pardo. Já o roubo com sequestro seria no norte.
Roubo com reféns
Um roubo ao sítio de um empresário de Carlos Barbosa, ocorrido em junho, foi o único caso investigado que o Deic não conseguiu evitar. No entanto, um detalhe fez com que o resultado esperado pelos criminosos fosse parcial. O empresário era o alvo, mas não estava no sítio no momento da chegada dos ladrões. Mesmo assim, os bandidos ficaram 10 horas com o caseiro, a mulher e o filho deles aguardando pelo dono da casa. Ele acabou não aparecendo, então, os homens levaram diversos pertences do sítio e mais um veículo. O objetivo era sequestrar e pedir resgate pelo empresário. A polícia não está divulgando nomes.
*Em uma última escuta, Seco fala da Pasc sobre conta bancária e agencia para fazer depósito: