O jovem baleado na boate Stuttgart, na madrugada desta segunda-feira (3), já tinha antecedentes criminais e fazia parte de uma das gangues rivais que entraram em confronto no local. Tiago Querubim Silveira, de 19 anos, era morador da Vila Cruzeiro e, quando adolescente, tinha cumprido medida sócio educativa na Fase por envolvimento com tráfico de drogas. Depois da maioridade, foi preso pelo menos quatro vezes, duas delas por lesão corporal, uma por receptação de veículo e outra por tráfico de drogas.
A polícia confirma que ele era integrante de uma das gangues que se enfrentaram na danceteria, mas evita dar detalhes para não prejudicar as investigações. Tiago estava internado no Hospital de Pronto Socorro da Capital em estado grave e morreu no fim da manhã. Outras 16 pessoas ficaram feridas e receberam atendimento.
Quatro foram levados ao Cristo Redentor, 11 para o Hospital de Pronto Socorro e outro para Viamão. A maioria, conforme a polícia, teria buscado atendimento rápido nos hospitais, antes da chegada da polícia. Oito foram liberados do HPS e outros dois seguem em atendimento, nenhum com quadro grave.
Conforme o delegado responsável pelo caso, Filipe Borges Bringhenti, a polícia tem apenas relatos informais de pessoas que estavam no local e que falam sobre confronto entre duas gangues rivais. Uma delas seria do bairro Agronomia e outra da Avenida Princesa Isabel.
“Dois indivíduos teriam rendido o segurança da festa e assim que visualizaram os alvos deles começaram os disparos. Temos a informação de que houve revide, que outras pessoas já estariam armadas dentro da boate, mas as circunstâncias e motivação ainda estão sendo investigadas”, explica.
Cinco pessoas foram presas em flagrante e encaminhadas ao presídio Central, em razão de confronto com a Brigada Militar no bairro Agronomia. A ligação deles com o tiroteio da boate ainda é investigada.
Até agora, apenas duas testemunhas deram declaração formal a polícia. Ambos negaram participação no fato e nenhum deu detalhes sobre o ocorrido. A polícia está intimando pelo menos 20 pessoas, já identificadas, para depor. As oitivas terão início nesta terça-feira.
Cerca de 400 pessoas estavam do lado de fora da boate quando a BM chegou
Capitão do 21º Batalhão da Brigada Militar, Ademar Reis Vargas, auxiliou no atendimento da ocorrência. Segundo ele, cerca de 400 pessoas estavam no exterior da casa noturna quando a brigada chegou. “Era um cenário de pânico, pessoas chorando, correndo de um lado para o outro, sangrando, alguns se esconderam até no estacionamento do local”, relata.
Segundo ele, minutos antes do tiroteio começar, o DJ da festa tocava uma música funk com barulhos de tiros, ao fim da música, o som de tiros continuou. O capitão afirma, ainda que, as ocorrências no entorno da danceteria e as reclamações de vizinhos são constantes. Segundo o 1º Batalhão da Brigada Militar da Capital, responsável pela segurança da área, de janeiro até outubro, dez ocorrências no entorno da boate foram registrados, por disparos de arma de fogo, lesão corporal, posse de entorpecentes, entre outros. A Brigada alerta, porém, que o registro não é feito em grante parte delas.
Danceteria funcionava com liminar há 2 anos
A boate funcionava com liminar desde 30 de maio de 2012. A liminar que permitiu o funcionamento da Stuttgart foi concedida pelo então juiz Honorio Gonçalves da Silva Neto, da 4ª Vara da Fazenda Pública. A confirmação é da Procuradoria-Geral do Município (PGM).
Algumas das irregularidades constatadas na época foram a área do mezanino da cervejaria, uma cobertura metálica na entrada, um depósito de lixo em cima do banheiro feminino, entre outros problemas. No dia 21 de outubro de 2014, uma nova vistoria constatou a permanência das irregularidades. O processo ainda está em tramitação.
Direção da Stuttgart garante que segurança foi rendido
A direção da boate informa que está fornecendo todas as informações necessárias a polícia e que tenta identificar os feridos para oferecer auxílio. A direção ainda informa que o local tem revista por detector de metais na entrada, mas garante que, nesta madrugada, o segurança foi rendido por criminosos. A casa ainda confirma que a boate tem câmeras de segurança, mas elas não estavam em operação no momento do crime.