Os pontos de táxi de Parobé, no Vale do Paranhana, esvaziaram na tarde de domingo.
Unidos em carreata, 50 veículos acompanharam o cortejo fúnebre de Jorge Luís Gil de Freitas, taxista morto na noite de sábado, provavelmente vítima de um um latrocínio (roubo com morte).
Chico, como era conhecido, tinha 59 anos e seria o taxista mais antigo da cidade, com mais de 20 anos de profissão. O crime aconteceu por volta das 21h40min de sábado no bairro Laranjeiras, a cerca de um quilômetro do Centro. O taxista foi encontrado com metade do corpo para fora do carro, em uma posição que a Brigada Militar define como "de fuga". Isso, aliado a relatos de testemunhas, leva a polícia a crer que Chico teria reagido a um assalto: o impulso de sair do veículo teria motivado o suspeito a atirar. O disparo atingiu a nuca da vítima. A suspeita da polícia é de que o assaltante tenha roubado dinheiro, já que não foi localizada nenhuma quantia no carro ou nos bolsos de Chico.
O táxi da vítima ficava no ponto da Praça Primeiro de Maio, no centro da cidade. Segundo o colega Alexandre Cassariedo Silva, presidente da Associação dos Táxis de Parobé, Chico teria anunciado que estava indo embora às 21h10min, sem passageiros.
- Uns colegas de outro ponto, próximo a uma casa noturna, viram ele passar sozinho, provavelmente a caminho de casa. Dali a poucos minutos, recebemos a notícia. Ficamos transtornados. Chico era uma pessoa trabalhadora, era o primeiro a chegar no ponto. Era amigo de todos, não tinha intriga com ninguém. E também era um ótimo pai - relatou o amigo.
O taxista, que morava no bairro Guarani, deixa a mulher e quatro filhos. A Brigada Militar recebeu, por meio do 190, relatos anônimos que apontam para diferentes suspeitos do crime. Um em especial, no entanto, com extensa ficha criminal por tráfico, seria o principal foco da polícia. O delegado Rosalino Seara começa a ouvir testemunhas a partir desta segunda-feira e prevê que o caso já esteja elucidado até o fim da semana.
- Tudo indica que tenha sido um latrocínio. A vítima era uma pessoa honesta e muito benquista pela comunidade - disse o delegado.
Para quarta-feira, colegas de Chico programam um novo protesto, com o objetivo de levar ainda mais solidariedade à família de Chico e solicitar mais segurança para Parobé. A ideia, segundo o presidente da Associação de Táxis, é novamente mobilizar os 42 taxistas da cidade, que devem percorrer o Centro e planejam trancar a ERS-239.
- De três anos para cá, a situação começou a se agravar. Tivemos uns sete ou oito taxistas assaltados. Há quatro meses, um foi colocado no porta-malas. Há duas semanas, um cara deu um tiro no parachoques de um carro do ponto da rodoviária. Infelizmente, com o Jorge, o pior aconteceu - lamenta.
A morte engrossa as estatísticas de latrocínio no Rio Grande do Sul. Em fevereiro de 2013, foram oito roubos seguidos de morte. Neste ano, esse número já foi ultrapassado: Chico é a décima vítima de 2014. Esse tipo de crime teve aumento de quase 30% entre 2012 e 2013, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul.
Violência
Taxistas protestam contra morte de colega em Parobé
Suspeita da polícia é de que Jorge Luís Gil de Freitas tenha sido vítima de latrocínio
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