F.B. tem 30 anos e está presa há três no Madre Pelletier, em Porto Alegre. O marido está preso há nove. Nas costas, condenações por crimes de tráfico e homicídio. Hoje está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. Após a prisão do companheiro F.B. assumiu os negócios da família e ficou no comando. Cinco filhos e administração do tráfico.
Segundo levantamento da Susepe, em 2008 havia 114 mulheres presas por tráfico de entorpecentes. Hoje, há MIL 1.800 e elas já representam 14% das prisões pelo crime no Rio Grande do Sul. O aumento de mais de 1.000% é notado também pela polícia, como explica o delegado Rodrigo Zucco, responsável pela segunda delegacia do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico.
A história de L.B.C., também de 30 anos, é diferente. Ela confirma que sabia que o marido era criminoso, mas não admite participação. Faz parte da estatística que mostra que 80% das mulheres presas são acusadas de associação ao tráfico.
L.B.C. foi presa em função de escutas telefônicas. O pai da filha dela traficava não apenas fora da prisão, mas também comandava esquema de dentro do presídio.
Ele já estava preso. Agora ela também está. Desde o ano passado. O juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, Sidnei Brzuska, ressalta que a maioria das mulheres são presas por condutas subalternas ao tráfico. São usadas.
D.S. é outra que também alega inocência, mas não nega que gostava dos luxos.
Foi presa em uma operação no ano passado quando foi pega com dinheiro, armas e drogas. Ela afirma que eram do marido e se inclui na estatística de que a maioria das apenadas não tem vocação para o crime. São apenas mulheres apaixonadas e com medo.
Algumas se arrepedem, como é o caso de F.B,outras, no entanto, assumem de verdade o comando do tráfico e se tornam maiores que os companheiros. Tanto é assim que a população carcerária feminina aumentou 80% nos últimos cinco anos.
Gaúcha
Mulheres representam 14% das prisões por tráfico no Estado
Maioria assume negócio quando o marido sai de cena.
Geórgia Santos
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