Quando René Favaloro, nos anos 60, decidiu que não lhe bastava ser médico rural no pampa argentino e decidiu ir a Cleveland Clinic nos EUA, em busca de novos sonhos, encontrou Mason Sones, um radiologista negro do Mississipi, que era tratado como um intruso entre a maioria branca do Norte. Juntos, descobriram um jeito de estudar as coronárias, e isso abriu o caminho que a genialidade latente de Favaloro buscava, e nasceu, assim, a cirurgia de ponte de safena. Verdade que o motivo da aproximação deles foi menos nobre: um negro metido a cientista e um hermano, que falava um inglês quebrado, eram ridicularizados pelos colegas do hospital. Logo pelos americanos, que não conseguem aprender um segundo idioma e não dizem José nem sob as estratégias persuasivas de Guantánamo. Enfim, discriminados, descobriram-se iguais. A genialidade que havia neles fez o resto.
Palavra de Médico
J. J. Camargo: O fascínio da diversidade
Quantas gerações ainda passarão antes que nos tratemos realmente como pessoas iguais?