*Lisandra é pedagoga e psicopedagoga
Hoje, véspera de Dia dos Pais, poderia escrever sobre assuntos bem menos clichês, mas não quis perder uma oportunidade perfeita de falar neles: os pais!
Pais, que desde o simbolismo psicanalítico, representam a lei, a tênue linha que separa o certo do errado, o limite estabelecido e ofertado a cada passo cambaleante vida afora. Pais sempre ocuparam o mais alto degrau da composição familiar, lugar de destaque, responsabilidade e respeito - que invariavelmente confundia-se com medo. Porém, dos tempos de Freud para cá, muitas mudanças sociais aconteceram e, com elas, uma nova configuração familiar e, consequentemente, um novo posto à figura paterna.
Entre muitas oscilações de papel e tentativas - umas mais, outras menos - frustradas, o pai tornou-se mais do que uma figura altiva e irrevogável, incapacitando a todos da desobediência. Os pais foram deixando de lado o ar carrancudo e cansado e tornaram-se, pouco a pouco, seres afáveis e humanos aos olhos de todos, principalmente dos próprios filhos.
A submissão à autoridade máxima cedeu lugar ao companheirismo, e aquela sensação de fragilidade vergonhosa ao demonstrar qualquer manifestação de carinho, abandonou de vez a relação pai e filho. Hoje se vê com muito mais naturalidade pais brincando às gargalhadas com sua prole, numa cumplicidade encantadora e, muitas vezes, admitindo erros ou deixando-se ensinar pela facilidade falante dos pequenos.
Apesar de todas as transformações vividas pela sociedade, pais, assim como mães, agregaram tarefas e não simplesmente as modificaram. Pai ainda é um ser simbólico aos olhos do filho e que está ali, não por acaso, ocupando um lugar de destaque na árvore genealógica e relacional.
Pai ainda é sinônimo de segurança e confiança, um ser capaz de direcionar vidas. Se me permitem dar um conselho a vocês, pais, o maior legado que podem deixar é o tempo junto aos seus filhos e o exemplo. Deixem um pouco de lado a necessidade exagerada de prover e passem a conviver. Crianças, adolescentes e até mesmo os filhos adultos precisam mais da companhia, da atenção e da firmeza paterna, do que qualquer posição social ou econômica que lhes venha a oferecer.
Não abdiquem da oportunidade encantadora de serem amigos de seus filhos e um dia perceberem as próprias qualidades no andar firme e decidido daquele que, até bem pouco tempo atrás, corria de fraldas pela casa, tentando chamar sua atenção.
Parabéns a todos os pais presentes e que são verdadeiros presentes, assim como o meu!
No divã
Lisandra Pioner: O pai
Ele ainda é sinônimo de confiança e segurança
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