A biofarmacêutica norte-americana Merck Sharp & Dohme (MSD) afirmou nesta quarta-feira (29), em uma conferência médica, que o seu antiviral oral Molnupiravir se mostrou eficaz contra as variantes do vírus do coronavírus, em testes de laboratório.
A medicação, usada na forma de pílulas, está em fase 3 de estudos em duas frentes: a profilaxia — que é a proteção preventiva após a exposição a um agente infeccioso — e o tratamento para infectados que ainda não necessitam de hospitalização. O Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, é um dos sete centros participantes da pesquisa no Brasil – os outros ficam em São Paulo (dois na capital e um em São José do Rio Preto, no interior), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR).
O Molnupiravir age de forma parecida com o Remdesivir — único medicamento para a covid-19 aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana que regula medicamentos e alimentos. O fármaco atua no RNA do sars-cov-2, evitando que ele se replique nas células. Na comparação com o Remdesivir, o novo medicamento demonstrou maior eficácia em tempo inferior, além de ser mais barato e poder ser administrado por via oral.
Dados sobre a eficácia e segurança do Molnupiravir devem ser divulgados em breve. Existe a possibilidade de a empresa pedir autorização para uso emergencial da droga, nos Estados Unidos, ainda em 2021.
Além da Merck, várias empresas trabalham em possíveis antivirais orais, que imitariam o que o medicamento Tamiflu faz contra a gripe e evitariam que a doença progredisse para um estado grave. Entre elas está a Pfizer, que já tem vacina em uso.
Na segunda-feira (27), a farmacêutica norte-americana anunciou ter iniciado os ensaios clínicos de fase intermediária e avançada de uma pílula para prevenir a covid-19 em pessoas expostas ao vírus. O medicamento, batizado de PF-07321332, está avaliando a combinação com o ritonavir, que já é usado contra o vírus da Aids.
O ensaio clínico da Pfizer envolverá 2,6 mil adultos que participarão dos testes assim que apresentarem sinais de infecção por covid-19 ou assim que souberem que foram expostos ao vírus. Eles receberão aleatoriamente uma combinação de PF-07321332 e ritonavir, ou um placebo, duas vezes ao dia por cinco a dez dias. O objetivo do teste é determinar a segurança e eficácia dos medicamentos na prevenção de uma infecção por sars-cov-2.
Os remédios têm um grande potencial, no momento em que o mundo se adapta para o fim da epidemia e início de uma endemia – ou seja, a doença não seria erradicada, mas viveria entre nós em patamares mais brandos, como ocorre com a febre amarela ou a gripe H1N1. Mesmo se eles forem apenas moderadamente eficazes, deve haver enorme demanda global, com pacientes e governos buscando ao máximo reduzir as vítimas do vírus.