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A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre divulgou nesta quinta-feira (13) o cronograma do atendimento ao acidente entre dois ciclistas, próximo à orla do Guaíba, no domingo (9). Um idoso morreu e outro homem ficou tetraplégico. Pela linha do tempo, o atendimento levou mais de uma hora para ser concluído.
O acidente ocorreu na manhã de domingo, no Viaduto Abdias do Nascimento, que fica na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, no bairro Cristal, zona sul de Porto Alegre. Pedro Ferreira, de 71 anos, teve morte encefálica em razão da colisão. Ele estava utilizando capacete, segundo uma testemunha, que não quis se identificar.
O caso foi registrado às 7h46min na central do 192. Um primeiro atendimento foi feito por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 28 minutos após a notificação, às 8h14min. Ao perceber a situação dos envolvidos, um segundo veículo do Samu foi acionado, com estrutura avançada para socorro. Esta unidade chegou cerca de 40 minutos depois do registro, às 8h25min.
Na sequência, as equipes chegaram ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) às 8h49min, ou seja, mais de uma hora após o registro. Conforme a delegada Luciana Smith, que investiga o acidente, imagens das câmeras de segurança do entorno foram solicitadas. O objetivo é compreender a dinâmica da colisão.
A reportagem de Zero Hora conversou com uma testemunha que corria no local no momento do acidente. Ela, que não quis se identificar, disse que o outro envolvido, de 42 anos, se deslocava em alta velocidade, em uma bicicleta modelo Speed, quando atingiu o idoso, que vinha do lado contrário e utilizava um capacete.
Por conta do acidente, a vítima ficou tetraplégica. Ele está internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Cristo Redentor (HCR), em Porto Alegre.
Policiais do 1º Batalhão da Brigada Militar (1º BPM), que atenderam a ocorrência inicialmente, relataram demora no atendimento às vítimas por parte do Samu.
Em nota, a SMS disse que havia uma médica no local, mas ela não ligou para o Samu para repassar informações sobre o caso. A pasta alega ainda que a atitude dela prejudicou o atendimento dos emergencistas. A mulher será ouvida pela Polícia Civil, enquanto o Samu será oficiado para prestar esclarecimentos sobre o atendimento.
A pasta também informou que, com relação ao tempo de atendimento, o caso exigia maior cautela em razão da complexidade devido às condições das pessoas envolvidas, principalmente no caso da vítima que sobreviveu, que não sentia os movimentos de braços e pernas.
Além disso, alega que o atendimento cumpriu "os mais rigorosos protocolos de boas práticas no atendimento pré-hospitalar e garantiu a chegada das vítimas em melhores condições clínicas ao HPS".
O que disse a Secretaria Municipal da Saúde
"A Secretaria Municipal de Saúde informa que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) prestou atendimento dentro dos protocolos estabelecidos no caso ocorrido domingo, 9, no viaduto próximo ao Beira-Rio, onde ocorreu uma colisão entre duas bicicletas.
Esclarecemos abaixo a linha do tempo e as ações realizadas:
7h46: entrada do chamado na central 192.
7h48: médico regulador recebe a ligação e define recurso.
7h50: médico regulador envia uma equipe de suporte básico, baseado nas informações passadas pelo solicitante no local.
8h03: inicia deslocamento para o endereço.
8h03: soldado liga para passar mais informações da cena, avisa o telefonista que há uma médica na cena, mas não passa essa informação ao médico regulador, apenas fala mais da precisão do endereço.
8h14: primeira equipe chega no local.
8h16: solicita apoio do suporte avançado.
8h19: suporte avançado inicia deslocamento.
8h25: equipe avançada chega no local.
Equipes fazem o atendimento na cena e iniciam o deslocamento para emergências.
US Básica:
8h40: inicia deslocamento para HPS.
8h49: chega ao HPS.
US Avançada:
8h40: inicia deslocamento para HPS.
8h49: chega ao HPS.
Importante destacar que, em nenhum momento, a médica que estava na cena ligou para o Samu para passar informações importantes. Conforme relato da equipe, a médica estava agressiva e atrapalhou o atendimento.
Conforme as informações passadas pelo solicitante ao médico regulador, o protocolo foi seguido. O desfecho, infelizmente, deve-se à gravidade do ocorrido e não ao atendimento do Samu. O manejo ofertado cumpre os mais rigorosos protocolos de boas práticas no atendimento pré-hospitalar e garantiu a chegada das vítimas em melhores condições clínicas ao HPS".
O que a pasta disse sobre o tempo para chegar ao local de atendimento
"O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) informa que, devido à complexidade dos dois casos, é fundamental uma intervenção na cena para garantir uma estabilidade mínima no transporte. Esse é o principal papel do Samu no ambiente pré-hospitalar. Transportar o paciente sem os devidos manejos pode expor a riscos de aspiração ou piora do quadro do trauma inicial".