Na manhã deste feriado da Proclamação da República, o silêncio imperava em um campo que fica em meio a cerca de 50 hectares de mata nativa do Porto Alegre Country Club (PACC), na zona norte da Capital, uma extensão maior que o Parque da Redenção. A quietude só era rompida pelos aplausos após tacadas de destaque na primeira etapa do 74º Campeonato Sulbrasileiro de Golfe, tradicional competição que reúne cerca de 80 jogadores amadores até domingo.
No golfe, a concentração é um fator determinante para o desempenho: o objetivo é acertar a bolinha em todos os 18 buracos no menor número de tacadas possível.
Por esse motivo, a movimentação de pessoas, assim como a emissão de qualquer ruído, é controlada para não prejudicar os jogadores.
— Gosto da disputa e da etiqueta do jogo, de poder ver o filho se desenvolver mentalmente. Isso é muito gratificante, porque ele tem que trabalhar a concentração, a resiliência, a disciplina para o esporte — diz Lúcio Sintra Soares, 51 anos, jogador de golfe amador há 35 anos.
Soares é pai do competidor mais jovem desta edição dos jogos, Lucas Soares, 11 anos. O menino, que integra a tradição familiar de apreço pelo esporte, havia terminado o percurso do primeiro dia de jogos por volta das 11h desta sexta.
— Ele é da quarta geração da família de sócios do Porto Alegre Country Clube que jogam golfe. A bisavó tem 103 anos e jogava. O bisavô também jogava. Os avós jogam e os pais também. Então, é uma satisfação estar com o Lucas e ele ser o jogador mais jovem do torneio. É um orgulho — reforça o orgulhoso pai.
O jovem golfista conta que adora a modalidade esportiva, porém, o que mais o anima é disputar torneios:
— Tem uma emoção, é mais legal, mais disputado. Quero ficar no top 3 — relata o menino, aplaudido pelo público após realizar uma tacada em direção ao buraco 12 do campo.
Dificuldade extra após mudança de data
O calor desta sexta-feira (15) é uma novidade para os competidores habituados ao torneio, tradicionalmente realizado em maio, mas que teve de ser transferido em razão da enchente.
— Maio é outono. Outono geralmente não venta, o campo está mais molhado, um pouco mais macio. Agora, na primavera, com o vento e o calor, o campo secou e tem muito vento. Isso vai influenciar muito no jogo. O calor, com certeza, desgasta mais o pessoal. E o vento vai ser um fator importante — diz Vinícius Pomar Müller, 48 anos, head-pro do PACC e árbitro nos jogos, ressaltando a maior dificuldade que os golfistas devem enfrentar.
Esses fatores se somam aos obstáculos do campo do PACC, que possui áreas de areia, lagos, árvores, desníveis e inclinações.
A competição, realizada anualmente em Porto Alegre, reúne jogadores de diferentes partes do Brasil. Neste ano, vieram nomes do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Os competidores são dispostos em diferentes categorias e devem receber um troféu como premiação. O jogador que conseguir realizar um hole-in-one, encaçapar a bola com apenas uma tacada, ganhará um carrinho de golfe. Esse desafio acontece no buraco três do campo.
Neste fim de semana, ocorre a etapa nacional da competição, abrangendo categorias femininas e masculinas. Para as chamadas Damas, as disputas serão nas categorias Scratch, até 16.0 Index, Sênior, Pré-Sênior e Juvenil. Já para os Cavalheiros, as categorias incluem Scratch, até 8.5 Index, de 8.6 a 14.0 Index, Sênior, Pré-Sênior e Juvenil.
Já nos dias 22 a 24 deste mês, será a etapa regional. As Damas competirão nas categorias de 16.1 a 31.7 Index, Sênior, Pré-Sênior e Juvenil. Já os Cavalheiros disputarão nas categorias de 14.1 a 22.1 Index, de 22.2 a 32.9 Index, Sênior, Pré-Sênior e Juvenil.