O clima primaveril do sábado (21) ensolarado e de temperatura convidativa para o lazer ao ar livre foi um brinde a mais para os participantes das atividades conectadas com o clima Oktoberfest em Porto Alegre. Houve festas no Quarto Distrito e na Orla, reunindo grande número de pessoas em meio ao cotidiano de esportes, turismo, passeio e gastronomia que se consolidam nesses espaços da cidade.
— Nunca tinha participado de uma Oktoberfest, mas meu marido vivia dizendo o quanto é legal. Me senti muito bem aqui, clima de alegria, pessoas se divertindo em um ambiente parecido com o nosso Carnaval — descreve a cabeleireira Eduarda Rodrigues, 24 anos.
O casal é morador do Parque dos Maias e chegou ao bairro São Geraldo no começo da tarde. Eduarda curtiu tanto que não resistiu em chamar um casal participante do evento, com vestimentas típicas, para registrar o momento em uma fotografia.
O ambiente mantinha uma atmosfera atrativa para a descontração. Perambulando pelos espaços, o Triozinho Alles Blau animava os convidados com releituras de canções populares traduzidas em tambor, trompete e saxofone para o ritmo marcante das bandinhas alemãs, de mesa em mesa, divertindo o público.
— A gente faz interpretações de músicas que o pessoal conhece, de artistas populares como Leandro e Leonardo e outros. A gente chega, toca e o povo é quem canta — conta o percussionista Diogo Darkie, que anima o festejo devidamente uniformizado ao lado do trompetista Vinícius e do saxofonista Günter.
A cadência musical era um dos ingredientes que atraiu as amigas Verônica Jordani e Maria Rosa Hemb, ambas aposentadas aos 65 anos. Moradoras de bairros próximos à região central, foram pela primeira vez ao Quarto Distrito para conferir o clima da Oktoberfest.
— Viemos conhecer, pois somos do início da Zona Norte. Aqui era um local da cidade que era muito bonito e foi ficando perdido ao passar do tempo — comenta Verônica enquanto aguarda o serviço do primeiro chope da tarde, em estande de comerciante parceiro da iniciativa.
A festa no bairro São Geraldo, outrora povoado por conjunto vibrante de indústrias têxteis e comércio diversificado, prosseguiria até a meia-noite, com estruturas de segurança e monitoramento de trânsito para assegurar o entretenimento da comunidade.
— Que bom que vai seguir até mais tarde. Quem sabe a gente pode até dançar esta música tão animada — emenda Maria Rosa, logo após registrar imagem para lembrança do evento ao lado da amiga.
Orla do Guaíba
Há alguns minutos dali, na orla do Guaíba e diante do entardecer exuberante do espaço consolidado como principal cartão postal de Porto Alegre, um caminhão com equipamento sonoro conclamava as pessoas que se movimentavam na área a imergir na amostra cultural germânica da tarde quente.
— Olha nós aqui de novo. Pedalando, pedalando. Assim nós já tava indo. Agora tamo vortando — anunciava o cantor, do alto do palco sobre rodas.
O clima é de festa ao ar livre. Casais dançam. Os tímidos balançam suavemente o quadril. Batem o pé com a melhor consciência rítmica no chão, acertando e errando a cadência.
Pouco importa. Sorrisos sobram quando se erra, mais que quando se acerta. Alheio à contagem quaternária da composição, o casal formado pelo estoquista Felipe Moreira, 59 anos, e pela dona de casa Maristela Morteira, 54, exibe desenvoltura diante do espetáculo.
— São 39 anos de casamento. Não importa mais o ritmo, a gente sempre acerta o passo — define o tímido Felipe, que diz não ter precisado esforço para convencer a esposa a dirigir do bairro Rubem Berta até o Centro para exercitar a sincronia do bailado ao embalo germânico.
Um trenzinho se forma, ao modo dos bailes carnavalescos de salão. A música, do alto do caminhão, prossegue dando o tom da animação.
— Tinha acabado o chope. É o nosso combustível... ai, ai, ai... Embalar sem tomar um chope... nein, nein, nein (não, em alemão). Isso é muito terrível — proclamam os cantores.
No asfalto da Avenida Beira-Rio, a resposta se compõe em movimento e palavras.
— Que dia lindo. Vamos dançar até o anoitecer — assegura Maristela, antes de tomar a mão do parceiro e voltar a dançar.