Existe uma Porto Alegre resistente aos confortos do mundo digital. Trata-se de um lugar, ou melhor, de lugares que parecem perdidos no tempo, se comparado ao que ocorre ao seu redor — onde a vida segue o ritmo frenético da contemporaneidade.
A cidade é analógica onde se consertam máquinas de escrever e relógios antigos, com seus complexos mecanismos, sua exuberância e riqueza de detalhes, e também no sebo repleto de livros raros, com cheiros e tons amarelados pelo desgaste da própria existência, ou na loja de discos de vinil que, empilhados, formam trincheiras e labirintos pelos quais só se avança encolhendo o corpo e fazendo um esforço para desviar do que se coloca no meio do caminho.
Neste especial, GZH retrata alguns desses lugares e os encantos que despertam em quem os frequenta — seja pelo singelo ato de manipular um objeto cujo valor só aumenta com a passagem do tempo, seja pelo significado que esse ato carrega e a viagem que permite visitar outras épocas, outras sensações e mesmo outros lugares.