Uma nova amostra realizada por técnicos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) detectou uma menor presença de microrganismos que alteram o cheiro e o gosto da água em Porto Alegre. As cianobactérias, também conhecidas como algas azuis, são captadas junto com a água proveniente dos rios e libera as substâncias chamadas de MIB (metilisoborneol) e de geosmina, que provocam o gosto terroso na água.
A quantidade mais significativa desta carga orgânica foi verificada durante o mês de dezembro nas estações São João e Moinhos de Vento, que abastecem boa parte dos bairros da zona norte da capital. A situação foi exclusiva dessa região, pois as duas estações recebem água captada mais próxima do Rio Gravataí, manancial que apresenta uma maior quantidade de microrganismos.
Durante painel sensorial realizado na última quinta-feira (6) nestes locais, foi verificada uma diminuição desde o dia 15 de dezembro até a data da análise. Para fazer a detecção, técnicos utilizam a escala de intensidade do gosto da água. Sendo zero a mais fraca e 12 a mais forte. No dia 9 de dezembro, o painel de monitoramento apontava para 4,4, ainda considerada fraca, mas perceptível para os consumidores. Nessa semana o cálculo apontou para um nível quase nulo nas estações.
A presença dos microrganismos na água bruta varia semanalmente e tem relação direta com as mudanças climáticas. O diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia aponta que a diminuição pode estar ligada a falta de chuvas no Gravataí.
— Embora a crise hídrica mais atrapalhe que ajude, é possível que nesse caso, o nível baixo do rio resulta em um menor fluxo da água captada, e com isso menos algas chegaram à estação — explica.
Por outro lado, a tendência é que o índice volte a aumentar nas próximas semanas. Para a diretora de tratamento do Departamento, Jocinelli Becker, outros fatores como a má distribuição de chuva e o período maior de luminosidade podem fazer proliferar ainda mais cianobactérias.
— Vivemos em um período climático com muitos fatores que ajudam a aumentar a carga orgânica. Por isso, mesmo que tenhamos detectado uma diminuição, vamos seguir atentos e monitorando a situação.
Em outras regiões, é possível que pessoas com mais sensibilidade possam perceber um gosto mais forte de cloro. Nesse caso, o motivo é a alta turbidez da água que chega nas estações de tratamento, em que é necessário acrescentar uma maior qualidade da substância. Ainda conforme o Dmae, nenhuma alteração já detectada causa danos à saúde.