
A imagem de Jesus caminhando sobre o mar e resgatando Pedro das águas é uma das 11 que Emanuel Malinoski, 27 anos, tem tatuadas pelo corpo. Mas ele não é a ovelha negra da igreja Onda Dura.
— Acho que não tem nenhum pastor que não tenha tatuagem — comenta.
Criada em 2017 em Joinville (SC), onde já houve apresentações de dança, teatro, arte circense e shows de rock, rap ou reggae na igreja, a Onda Dura ainda está em fase inicial em Porto Alegre — de "plantação", como chamam. Até um ano atrás, as reuniões ocorriam na casa de alguns fieis. Hoje, já há encontros no Teatro Hebraica, no Bom Fim, dependendo da agenda do espaço alugado para realização dos cultos.
O jovem conversou por telefone com GaúchaZH, pois estava no Amapá ajudando a instalar uma igreja — o mais longe que a Onda já chegou. Ele apoia no processo de plantação de igrejas desde 2011, pouco depois de entrar para a congregação, que o auxiliou a superar o vício em cocaína, por volta dos 18 anos. A Onda Dura era uma igreja de surfistas e skatistas, especialmente no começo, e o nome foi escolhido para passar a mensagem que a "onda de Deus dura para sempre".

Emanuel veio morar no Rio Grande do Sul em 2017, para fazer a plantação em Novo Hamburgo — mora em Canoas hoje. Atraídos pelos materiais no YouTube e em redes sociais (a Onda tem mais de 170 mil seguidores), alguns fiéis pediram uma igreja na cidade do Vale do Sinos. Uma sede mais jovem, não poderia ter: foi criada no prédio de uma danceteria de sertanejo universitário.
Cabelo raspado, calça jeans e camisetas largas compõem o estilo do pastor Emanuel, inclusive na hora da pregação. Se bem que tem usado uma camisa de botões com alguma frequência, porque senhoras de mais idade começaram a frequentar as reuniões.
— Tem duas imagens principais que podem ser transmitidas. A primeira é: "quem é esse moleque tatuado pregando?! Só pode ser louco!". A segunda é que a igreja aceita as pessoas como elas são. Espero que seja essa a que fique.