
Desativado em abril deste ano, o posto da Brigada Militar (BM) nas imediações do Parque Farroupilha, em Porto Alegre, deve virar tela de cinema no fim de semana. Organizado pelo coletivo POA Cidade Criativa, um sarau pretende utilizar o local para projetar o documentário Filme sobre um Bom Fim, convidar a comunidade a enxergar a antiga repartição policial com outros olhos e propor um novo uso ao pequeno imóvel construído nos anos 1980.
– Até anos atrás, aquele era um lugar da cena alternativa de Porto Alegre. Queremos lembrar disso e chamar a atenção para que se torne um espaço cultural – disse o estudante Thiago Braga, um dos organizadores do evento Sarau Memorial do Bom Fim.
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Previsto para ocorrer amanhã, das 16h às 20h, o evento contava, até ontem, com pouco mais de 270 pessoas confirmadas na página da ação no Facebook. Além da projeção do filme, estão previstas apresentações musicais no local. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) autorizou o bloqueio do trecho no horário do evento.
Se para o grupo de cerca de 60 pessoas que organiza a ação o destino mais adequado para o espaço é evocar a memória cultural do Bom Fim, no entendimento das associações de moradores do entorno, o imóvel que a BM está devolvendo à prefeitura deveria ter outros usos.
Tanto o presidente da Associação dos Amigos do Bairro Bom Fim, Carlos Alexandre Randazzo, quanto o presidente da Associação dos Amigos do Parque Farroupilha, Roberto Jakubaszko, defendem que o ideal seria a retomada das atividades da BM no local, que foi erguido com verba arrecadada por associações e entidades da região na década de 1980.
– Nossa associação foi articulada na época justamente para movimentar a construção desse imóvel, que seria cedido para a BM. A primeira vontade é que volte a ser um posto de segurança. Mas, se isso não ocorrer, é óbvio que esse espaço tem de ser ocupado pela comunidade – disse Randazzo.
Moradores reclamam de sensação de insegurança
Segundo a BM, a desativação do posto foi motivada por uma questão estratégica. O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Marcus Vinicius Gonçalves de Oliveira, defendeu que o modelo de unidade já não se fazia mais necessário e garantiu que o policiamento no parque continua a ser feito por meio de rondas.
Parte dos moradores reclama que, desde que a viatura da BM migrou para as proximidades do Auditório Araújo Vianna, a sensação de insegurança aumentou. Apesar de quererem o retorno da polícia, veem com bons olhos a iniciativa do coletivo em movimentar a região.
– O importante são as trocas de saberes, a intenção de melhorar o local. Qualquer coisa que se faça para beneficiar a comunidade é válida – disse Jakubaszko.
O destino que a prefeitura pretende dar ao imóvel, no entanto, é outro. Assim que estiver disponível para utilização do município, o antigo posto deverá se tornar base dos veículos oficiais do Hospital de Pronto Socorro (HPS). As ambulâncias que atualmente ficam estacionadas em frente ao local devem migrar para o estacionamento junto ao antigo posto, e seus funcionários passarão a utilizar o imóvel. O motivo seria a liberação de espaço para a chegada dos pacientes de emergência. Ainda não há previsão para a mudança.