Doutora Sol veste o jaleco branco e começa a correr. Com ajuda de outros colegas, ergue uma das pontas da camisa de força de 30 metros estendida sobre a grama, diante do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre. Cercam uma morena de cabelos compridos, que tenta fugir. Primeiro prendem seus tornozelos, depois a cintura, os braços. Em minutos a mulher está imóvel, braços e pernas amarrados.
A cena desperta a atenção de quem passa, no fim da tarde abafado da última quinta-feira. Não sabem o quanto de realidade e de desvario têm diante de seus olhos.
- Ela tá se fazendo - palpita um jovem ao observar a mulher se contorcendo.
- Não tá, não - rebate a companheira.
- Tá louca ou tá presa? - pergunta um ambulante.
- Olha o porrete! - diz outro.
Precisamos falar sobre loucura
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