Angolano de nascimento, e com cidadania portuguesa, valter hugo mãe tem se convertido rapidamente em uma das vozes mais relevantes da ficção lusófona contemporânea.
O escritor casa com ousadia e resultados impactantes o que há de belo na linguagem com o que há de triste no humano.
Ele é o convidado de destaque deste domingo na Feira. valter hugo mãe estará às 19h, na Sala dos Jacarandás do Memorial do Rio Grande do Sul, para conversar com o público. A partir das 20h30min, autografa seus quatro romances publicados no Brasil, lançados aqui em rápida sucessão: o filho de mil homens e a máquina de fazer espanhóis (Cosac Naify) e o remorso de baltazar serapião e o nosso reino (Editora 34) - tanto autor quanto título só usam minúsculas.
Boa parte da carreira de valter hugo mãe foi construída com a poesia, gênero no qual já publicou 14 livros. Tal militância poética deixa suas marcas também na narrativa romanesca, na qual se pode ver um apuro de linguagem que equilibra com a beleza algo tortuosa de suas frases as histórias brutais que o autor tem para contar.
- Ele é um dos nomes mais criativos da nova geração portuguesa. É da primeira geração pós-salazarismo, com uma proposta que não tem nada a ver com a da geração anterior. Tem um trabalho muito forte do ponto de vista ideológico, lida sempre com personagens à margem e tem intenção de falar por aqueles que não têm voz - diz a professora Jane Tutikian, patrona da Feira do Livro em 2011.
A professora da UFRGS Maria da Glória Bordini, ao falar sobre o filho de mil homens, também se expressa de modo semelhante:
- É um livro muito bem urdido, que o leitor começa a acompanhar pensando que se tratam de contos, até que vai interligando as histórias de modo impressionante. É muito doloroso e muito intenso. Ele lida com personagens destituídos, figuras sem lugar dentro da sociedade, desviantes, esquecidos, e consegue fazer aflorar, com poesia, uma humanidade reprimida.