Políticos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticaram o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível por oito anos, nesta sexta-feira (30). Nas redes sociais, apoiadores saíram em defesa do ex-presidente e afirmaram que ele se tornará mais forte como cabo eleitoral nas eleições de 2024 e 2026. O discurso é o mesmo adotado pelo ex-chefe do Executivo, que afirmou ser um "cabo eleitoral de luxo".
Com cinco votos favoráveis e dois contrários, o TSE condenou Bolsonaro a inelegibilidade até 2030 pelo crime de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em reunião com embaixadores estrangeiros, em julho de 2022. No encontro, que ocorreu no Palácio da Alvorada, o então presidente questionou a integridade das urnas eletrônicas e a atuação da Justiça Eleitoral, sem provas.
Além de Bolsonaro, o general Walter Braga Netto, que foi vice na chapa que perdeu as eleições em outubro de 2022, foi julgado pelos crimes. Porém, o TSE decidiu, por unanimidade, que Braga Netto não teve participação na reunião com diplomatas. Nas redes sociais, o general afirmou que a decisão do TSE tirou de Bolsonaro os direitos de "quem sempre lutou pela liberdade".
Já o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que a decisão do TSE "cassou a vontade popular" dos brasileiros, fazendo referência à cassação do ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), condenado pelo TSE no dia 16 de maio. Quando estava na vice-presidência, Mourão reconheceu a derrota de Bolsonaro três dias depois do segundo turno, e fez críticas ao golpe militar sugerido por apoiadores radicais, que culminaria, dois meses depois, nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Nas redes sociais
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) postou uma foto do ex-presidente legendada por um versículo bíblico sobre "pagamento de injustiças" nas redes sociais. "Eu continuo confiando, acreditando e ao seu lado, meu amor. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Nosso sonho segue mais vivo do que nunca. Estou às suas ordens, meu capitão", escreveu na publicação.
A ex-primeira-dama é cotada para substituir o marido nas eleições presidenciais de 2026, mas o agronegócio brasileiro não a quer nem com vice na chapa para a Presidência em 2026.
O filho do ex-presidente e senador, Flávio Bolsonaro (PL) disse que o TSE deu "uma vitória moral" para o ex-presidente e disse que o julgamento do tribunal foi "parcial e por motivos pessoais". O senador sugeriu também que a decisão não foi baseada por julgamentos legais e que Bolsonaro "é uma pessoa do bem".
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que a liderança do ex-presidente como representante da direita política é "inquestionável" e que vai perdurar, apesar da inelegibilidade. Ex-ministro da Infraestrutura e indicado por Bolsonaro para concorrer ao governo paulista no ano passado, Tarcísio é um dos cotados para assumir o posto de substituto nas eleições de 2026.
Para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o julgamento do TSE vai tornar o eleitor bolsonarista uma peça importante nas eleições de 2024 e 2026. Segundo Costa Neto, a decisão do Tribunal foi uma "injustiça".
O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy (PL-RJ), reforçou a ideia de um Bolsonaro ainda presente nas próximas eleições, mesmo fora das urnas. Segundo o parlamentar, o julgamento desta sexta foi "o maior tiro no pé da história" e criou o "maior cabo eleitoral do Brasil".
O líder do PL na Câmara, Altineu Cortês (PL-RJ), disse que respeita a decisão da Justiça Eleitoral, mas que acredita que o resultado vai fortalecer ainda mais a liderança do ex-presidente.
— Sua voz continuará a ser ouvida de maneira expressiva — disse.
Outro político do PL que se posicionou nas redes foi o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), vice-líder da sigla na Câmara. Feliciano destacou que a decisão do Tribunal foi feita por "revanchismo, raiva e ódio".
— Todavia, eis que nasce o maior cabo eleitoral da história! Aguardem! — afirmou o parlamentar.