O ex-governador do Rio Sérgio Cabral, preso desde novembro de 2016, cumprirá dez dias de isolamento. Na nova cela, Cabral ficará sem direito a banho de sol, agora na Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino. Conhecido como Bangu 1, o presídio de segurança máxima fica no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, bairro da zona oeste carioca.
Cabral foi transferido na noite de terça-feira (3) da Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ele é acusado de ter obtido regalias ilegais, como o acesso a comidas pedidas por aplicativo e anabolizante. A defesa do ex-governador nega as acusações.
A transferência ocorreu por ordem judicial após uma equipe de fiscalização da Vara de Execuções Penais encontrar indícios dos supostos benefícios no presídio de Niterói, onde Cabral estava desse setembro de 2021. Por causa dos mesmos indícios de favorecimento, também foram transferidos para Bangu o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, condenado a 36 anos de prisão pela morte da juíza Patrícia Acioli, em 2011,e outros três presos. Segundo a Secretaria estadual de Administração Penitenciária, a nova cela, onde Cabral cumprirá o isolamento, tem cinco metros quadrados.
Conforme o juiz Marcelo Rubioli, que participou da fiscalização no dia 27 de abril, um preso que estava ao lado de Cabral e de Oliveira tentou jogar uma sacola por cima da cerca. O objeto, porém, não ultrapassou os limites da unidade. Dentro da bolsa, estavam dois celulares, mais de R$ 4 mil em dinheiro e cigarros de maconha. Os fiscais concluíram que o material provavelmente era de Cabral ou de Oliveira.
Em uma mesa na área onde o ex-governador e o tenente-coronel estavam, havia um caderno com registros de pagamentos. Um deles era de R$ 1,5 mil, referente a uma compra de comida árabe. Os fiscais também encontraram anabolizantes e cigarros eletrônicos.
Defesa nega
Em nota, a defesa do ex-governador alegou que não foi encontrada nenhuma irregularidade na cela de Cabral. Afirmou ainda que nenhum dos objetos apreendidos nas áreas comuns foi relacionado ao ex-político e que desconhece objetos encontrados fora da galeria. A defesa do tenente-coronel Claudio Luiz de Oliveira disse que nenhum dos materiais apreendidos estava na cela dele.
Condenado em 22 ações penais, o ex-governador do Rio cumpre pena de 407 anos. Responde a mais 11 processos. As acusações envolvem corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.