O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, comentou nesta sexta-feira (10) sobre a nota de Jair Bolsonaro divulgada na quinta-feira (9), na qual o presidente mudou o discurso para baixar a tensão provocada entre os poderes após as manifestações de 7 de setembro.
Para Mourão, é importante que ambos os lados (se referindo ao Poder Executivo ao Supremo Tribunal Federal) cedam em nome da “harmonia geral do país”. O vice-presidente elogiou a atitude de Bolsonaro, dizendo que o presidente teve “grandeza moral” na declaração.
— O presidente tomou essa iniciativa, o presidente Bolsonaro teve a grandeza moral de entender e colocou por escrito que ele usou palavras fortes, que ele foi tomado pela emoção do momento, o calor da disputa, e fez o seu mea-culpa — disse.
Mourão fez a afirmação em uma coletiva de imprensa nesta sexta em Belém (PA), após uma viagem do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL) e de chefes de missões diplomáticas à Amazônia Oriental.
— Vejo um caminho aberto para que se retome um diálogo entre os poderes, diálogo respeitoso, diminuindo a tensão no país — disse, ainda, o vice-presidente.
O Supremo Tribunal Federal (STF) vem sendo um alvo constante de Bolsonaro, principalmente a figura do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das fake news e pela investigação de atos antidemocráticos no país entre apoiadores do presidente.
Durante a manifestação em São Paulo, Bolsonaro chegou a dizer que não iria mais cumprir decisões judiciais proferidas por Moraes. A fala repercutiu nos poderes Legislativo e Judiciário, que responderam aos ataques de Bolsonaro e seus apoiadores.
Os discursos mais duros saíram do presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, com defesas à democracia e às urnas eletrônicas.
Após as declarações, Bolsonaro divulgou a nota, intitulada Declaração à Nação, em que afirma que nunca teve a intenção de agredir os poderes e que agiu no "calor do momento". Além disso, o presidente declarou que existem divergências nas decisões proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes, mas se colocou à disposição para manter um diálogo permanente com todas as esferas.