O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) e o senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministros da Saúde, pediram apuração ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o estudo do Ministério da Saúde para inserir medicamentos do "kit covid-19" no programa Farmácia Popular.
O plano prevê gastar até R$ 250 milhões para reembolsar farmácias conveniadas para que distribuam de graça a hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina. Essas drogas não têm eficácia comprovada contra o coronavírus, mas se tornaram aposta do governo Jair Bolsonaro para enfrentar a pandemia.
— Inadmissível tamanha irresponsabilidade com os recursos públicos — afirmou Padilha, no pedido, encaminhado ao ministro Benjamin Zymler, que relata processos sobre ações da Saúde na pandemia.
Padilha também pediu informações ao Ministério da Saúde sobre a distribuição dos medicamentos.
Já o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), demitido da Saúde por Bolsonaro em abril, disse que o governo está "perdidinho". Mandetta afirmou ainda que há risco de o comando da Saúde cometer um ato de improbidade.
Apesar de querer usar dinheiro público para entregar o "kit covid" gratuitamente, o ministério tem mais de 2,5 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina encalhados. O estoque faz parte de um lote de 3 milhões de unidades, recebido de doações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da farmacêutica Sandoz, e não é parte do kit que será entregue nas farmácias. Além da baixa procura, o fármaco armazenado precisa ser fracionado.
Criador do Farmácia Popular, em 2004, o senador Humberto Costa (PT-PE), disse que a inclusão dos medicamentos não tem "qualquer fundamentação científica". Costa pediu para o Ministério Público junto ao TCU se debruçar sobre a proposta da gestão de Eduardo Pazuello.
— Subverte a lógica do programa, que é focar em algumas doenças que precisam ser tratadas permanentemente e de forma adequada — disse o senador à reportagem.