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Uma polêmica envolvendo uma suposta quebra de decoro parlamentar na Câmara de Vereadores de General Câmara agita a cidade de 8,5 mil habitantes na Região Carbonífera. A vereadora Ana Lúcia Maciel Brandão (PHS) pretende recorrer à Justiça para tentar responsabilizar o colega Selomar Salvador Peixoto da Silva (PSB) por ofensas morais e preconceito.
Conforme Ana, o vereador teria gesticulado com as mãos, indicando sua perna para a colega sentar ao ser avisado que estava ocupando o lugar dela, durante uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça da Casa. A controvérsia começou em 26 de março.
Ana, conhecida como Chica, única vereadora mulher de General Câmara, estava na sala, mas precisou se ausentar para buscar projetos que pretendia apresentar no debate. Assim que ela saiu, Selomar chegou ao local e sentou-se na cadeira em que ela estava.
Gravação em áudio da reunião, embora com muitas falas sobrepostas, permite escutar que alguém disse: "A Chica tá aí", em suposto alerta a Selomar. Em seguida ouviu-se uma risada, que seria do vereador, dizendo "grandes coisas".
Depois, outro parlamentar perguntou: "Vai roubar o lugar da Chica?", e Selomar, rindo, repetiria, "grandes coisas". Na sequência é possível escutar alguém falando "senta no chão" e "vai sentar aqui". Em seguida, surgem frases como "vamos se respeitar", "no colo", " na perna", "barbaridade" e "Selomar está medonho, hein".
Um vereador adverte que a reunião está sendo gravada e que a ata do encontro será publicada na íntegra. E Selomar teria acrescentado: "Eu falei pode sentar aqui, não falei aonde".
A gravação deixa a entender que, enquanto falava, Selomar bate em alguma coisa com a palma da mão. Momentos depois, a vereadora Chica voltou para a reunião, que transcorreu normalmente.
— No dia seguinte, um colega me ligou e disse que tinha algo importante para falar, ocorrido na minha ausência da reunião — lembra a vereadora.
Chica solicitou cópia do áudio do encontro dos vereadores e, segundo ela, ficaria evidente que Selomar teria sugerido que ela deveria sentar no colo dele.
— Aproveitou um momento que eu não estava presente para fazer uma gracinha aos colegas. Foi um ato de machismo — reclamou a vereadora, comerciante, casada, mãe de dois filhos de 22 e 26 anos.
Conforme ela, o episódio não foi consignado em ata, o que não a impediu de entrar com um pedido de abertura de processo de quebra de decoro contra Selomar. Em 18 de abril, o requerimento foi levado a plenário.
Chica e Selomar, por serem partes interessadas, não votaram, assim como o presidente da Câmara, seguindo regimento interno. Dessa forma, oito vereadores tiveram direito a votos (incluindo os suplentes dos dois envolvidos no caso, convocados para a sessão).
— Fiquei decepcionada e, em seguida, surpresa. Meu suplente votou contra mim. E o suplente dele (Selomar), a meu favor — recorda Chica.
Por cinco votos a três, o pedido da vereadora foi arquivado e, agora, ela promete ingressar com uma ação judicial contra Selomar.
— Era uma questão interna, mas fugiu do Legislativo. Está tendo enorme repercussão. Não quero dinheiro, quero respeito. Me sinto ofendida, mas não ofende só a mim, mas a todas as mulheres. Já foi até lançada uma nota de repúdio por parte da Comissão Especial da Mulher da OAB da região. Ninguém tolera mais isso — desabafa.
Procurado pela reportagem de GaúchaZH, o vereador Selomar, que é agricultor no interior da cidade, assegurou que nada disse para a colega.
— Isso é uma mentira. Como eu poderia dizer para sentar no meu colo se ela não estava na sala e nem citei o nome dela. Sempre respeitei todo mundo. Isso é perseguição política — garante.