Considerado o trunfo da oposição para tentar romper a hegemonia do PT no cenário nacional, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tenta assumir o comando de uma frente sem foco e enfraquecida. Após circular ao longo de 10 meses com pouco brilho no Senado, o tucano substituiu as frases conciliadoras por um discurso contundente contra o governo federal.
Na véspera de desembarcar no Rio Grande do Sul para emprestar seu prestígio ao PSDB gaúcho, Aécio conversou com Zero Hora na quinta-feira em Brasília. O senador chega nesta sexta a Porto Alegre. Ao meio-dia, participa de almoço com correligionários no Clube do Comércio e, à noite, vai a Gramado para palestrar em um congresso de dirigentes lojistas. Confira trechos da entrevista:
Zero Hora - O senhor está pronto para se tornar o líder da oposição e candidato à Presidência em 2014?
Aécio - Ninguém se autoproclama líder. Meu avô (Tancredo Neves) ensinava que Presidência é destino, não depende de projeto pessoal. Sei do meu papel neste processo e vou cumprir com minhas responsabilidades. Durante os oito anos em que estive à frente do governo mineiro, mostrei que política e ética não são incompatíveis. Coalizão não precisa ser sinônimo de corrupção e aparelhamento da máquina pública.
ZH - Mas o senhor pretende lutar para ser candidato ao Planalto?
Aécio - Se couber a mim essa responsabilidade, estarei pronto. O candidato do PSDB em 2014 não será o que mais quiser, e sim aquele que, com mais naturalidade, encarnar e expressar o sentimento da sociedade, que está cansada do atual modelo. Em algum momento, esse ciclo do PT vai se exaurir. O que move os petistas é a manutenção do poder.
ZH - Quem o senhor prefere enfrentar nas urnas em 2014: Lula ou Dilma?
Aécio - Não me dou ao luxo de escolher adversários. Se eu for o candidato do PSDB, estarei pronto, independentemente do adversário. Qualquer uma dessas candidaturas representa o mesmo modelo. No entanto, considero improvável que Dilma não dispute a reeleição. Essa abdicação seria um atestado de fracasso.
ZH - A aproximação entre Fernando Henrique e Dilma pode causar prejuízos políticos ao PSDB?
Aécio - Ao contrário. Eu aplaudo essa relação republicana. As pessoas não precisam ser inimigas porque estão em lados políticos opostos. Não vejo somente defeitos nos meus adversários, assim como não acredito que todos os meus companheiros têm virtudes. Sempre mantive uma relação republicana com Lula, a exemplo da que mantenho com Dilma. Mas isso não elimina minha responsabilidade de apontar os equívocos do atual governo.
Leia a entrevista completa na Zero Hora desta sexta-feira.
Entrevista
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