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O debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, realizado na noite de sábado (28) pela Record, foi marcado por ataques diretos entre os participantes, 11 pedidos de direito de resposta — todos negados —, uma punição, mas sem o tumulto observado em encontros anteriores. As informações são do g1.
Participaram do debate Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB). Este foi o nono encontro entre os candidatos à prefeitura da capital paulista.
Após o incidente no debate da TV Cultura, onde Datena arremessou uma cadeira em Marçal, a Record adotou medidas preventivas, como fixar as cadeiras no chão e usar copos de acrílico. Todos, exceto os candidatos, passaram pelo detector de metais, e cada um dos postulantes pôde ser acompanhado por três assessores e um segurança no estúdio.
Pablo Marçal optou por não levar o videomaker de campanha, Nahuel Medina, que esteve envolvido em uma agressão ao marqueteiro de Ricardo Nunes, Duda Lima, durante o último debate promovido pelo Flow Podcast, onde desferiu um soco no rosto de Lima. Em decorrência do incidente, Duda Lima obteve uma medida protetiva que obriga Medina a manter uma distância mínima de 10 metros.
O debate começou pontualmente às 20h40min, dividido em três blocos: nos dois primeiros, os candidatos responderam a perguntas dos adversários e dos jornalistas; no terceiro bloco, houve as considerações finais. As regras proibiam gestos desrespeitosos, uso de palavrões e a exibição de objetos, documentos ou acessórios. Em caso de violação, o mediador poderia aplicar advertências e penalizações, como a suspensão de 30 segundos nas considerações finais, o que ocorreu com Marçal após ele ter chamado Boulos por um apelido.
Com três penalizações, o candidato perderia o direito às considerações finais; com quatro advertências, seria expulso do debate, e um novo sorteio seria feito para continuar o encontro.
Primeiro bloco
No primeiro bloco, os candidatos participaram de embates diretos, com trocas de acusações sobre investigações e mudanças de posicionamento ao longo da vida pública.
A primeira pergunta foi de Guilherme Boulos para José Luiz Datena, questionando sobre a situação da população em situação de rua em São Paulo.
— Sobre a irresponsabilidade de ter uma cidade com 80 mil habitantes morando na rua, dentro de uma cidade-estado como São Paulo, isso é quase que um genocídio, é inadmissível. Os abrigos são de qualidade péssima. Tão péssima que as pessoas preferem morar na rua, dividindo o chão com ratos e baratas — disse Datena. — Precisamos que a saúde chegue até essas pessoas. Onde estão os braços sociais da prefeitura? — continuou o apresentador.
Na sequência, Pablo Marçal questionou Ricardo Nunes sobre os motivos que levaram a cidade de São Paulo a cair no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no último ano.
Em resposta, Nunes preferiu destacar as realizações de sua gestão na área da educação, como a criação de vagas em creches, a entrega de mais de 500 mil tablets e o aumento do piso salarial dos professores.
Na tréplica, Marçal criticou a ausência de uma resposta direta sobre o Ideb e trouxe à tona uma investigação da Polícia Federal sobre a "máfia das creches", insinuando o envolvimento de Nunes:
— Queria que você explicasse que você recebeu dinheiro em relação a mais de cem pessoas indiciadas pela Polícia Federal. Existe lá pagamentos em seu nome, no nome de familiar. E eu queria que você desse explicação — afirmou Marçal.
— Olha, Pablo Henrique. Quem fugiu da polícia foi você. Fugiu pela sua condenação de ter integrado uma das maiores quadrilhas desse país para poder roubar dinheiro de pessoas humildes pela internet. Quem foi preso foi você. A minha vida é limpa e continuará limpa para sempre. Nunca tive um indiciamento, nunca tive uma condenação e não terei. Porque meu passado é honrado — rebateu Nunes.
Após essa fala, Pablo Marçal solicitou direito de resposta à organização do debate.
Tabata Amaral foi a próxima a perguntar, direcionando sua questão a Boulos. Ela questionou o deputado sobre as parcerias entre creches privadas e a prefeitura, apontando uma possível divergência entre a posição de Boulos e a do PSOL.
— Nós vamos não só manter as creches conveniadas na cidade de São Paulo, como vamos trabalhar para equiparar as condições salariais e de jornada, dar apoio, porque a gestão do Ricardo Nunes reduziu os repasses do ponto de vista da alimentação — respondeu Boulos.
Tabata não ficou satisfeita e continuou:
— Nessa eleição, você abriu mão de muitos posicionamentos históricos que você e seu partido defenderam veementemente. Você dizia que era a favor da descriminalização das drogas, agora é contra. Dizia que era a favor da legalização do aborto, agora diz que defende a lei do jeito que está. Nessa semana, mudou sua posição em relação à Venezuela e diz agora que é uma ditadura. Mas seu partido mantém essas posições. Como você vai governar com seu partido contra, quando já existe uma dificuldade com partidos da direita?
Boulos lamentou a pergunta e afirmou que Tabata estava distorcendo os fatos:
— Quando você se torna prefeito de uma cidade, ainda mais do tamanho de São Paulo, você não governa só para seu partido, só com suas ideias, você governa para a cidade inteira.
Durante a resposta de Boulos, Tabata foi vista balançando a cabeça negativamente.
Marina Helena (Novo) perguntou a Ricardo Nunes sobre as ações da prefeitura em relação às crianças autistas na rede pública e mencionou uma denúncia de que a campanha do MDB teria gasto R$ 637 mil com uma locadora de veículos que possui apenas um carro.
Nunes respondeu sobre a construção do primeiro Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (Centro TEA) em Santana, mas disse não ter conhecimento da denúncia:
— Uma coisa você pode ter certeza, não existe qualquer coisa errada, como foi a minha vida e sempre vai continuar sendo.
Na tréplica, Marina Helena afirmou que divulgaria detalhes da denúncia em suas redes sociais:
— É uma denúncia que sugere desvio de dinheiro de campanha. E por que isso é importante: porque esse é um dinheiro que sai do seu bolso. (...) A questão aqui não é polemizar, mas entender o caráter de quem vai governar a nossa cidade pelos próximos quatro anos.
Marina Helena encerrou a primeira rodada com uma pergunta para Pablo Marçal sobre o plano para reduzir impostos na cidade. Marçal aproveitou para criticar o uso do Fundão Eleitoral pelo partido Novo:
— O seu partido demonizava o fundão e agora está junto com todos os outros usando mais de R$ 120 milhões do dinheiro do povo para fazer campanha.
Marina Helena voltou ao tema da redução de impostos, afirmando:
— Se a gente gastar menos com parasitas, com a companheirada e com esquemas, vai sobrar mais dinheiro pra cuidar de você eleitor. Dá pra fazer muito mais cobrando menos impostos.
Marçal, ao responder, usou um apelido para se referir a Boulos, pediu desculpas, mas foi advertido e perdeu 30 segundos de suas considerações finais.
Segundo bloco
O segundo bloco começou com perguntas dos jornalistas da Record e do R7. Boulos questionou Nunes sobre seu paradeiro no dia 5 de novembro de 2023, durante o maior apagão da história de São Paulo, alegando que o prefeito estava em camarotes de eventos esportivos enquanto a cidade sofria.
Na sequência, Marçal perguntou a Datena quem ele considerava o pior prefeito da história de São Paulo.
Ricardo Nunes acusou Boulos de invadir o Ministério da Fazenda em 2015, e Nunes questionou Tabata Amaral sobre suas propostas para combate a enchentes e mudanças climáticas.
Considerações finais
Nas considerações finais, Datena defendeu a democracia e a importância do voto.
Pablo Marçal destacou sua experiência como gestor e reforçou ser o único candidato a não utilizar recursos públicos na campanha.
Guilherme Boulos acusou os adversários de "mentirem muito" e pediu votos por uma mudança verdadeira.
Tabata Amaral falou sobre a trajetória, destacando a influência da Igreja Católica e da Educação em sua vida, e pediu que os eleitores "não votem no candidato menos pior".
Marina Helena ressaltou a experiência no setor público e privado, e Ricardo Nunes citou um versículo bíblico, destacando suas realizações na gestão da cidade e a saúde financeira de São Paulo.