Menos de quatro horas depois do primeiro debate desta terça-feira (25), teve início o segundo confronto de ideias entre os candidatos ao governo do Estado – e sétimo do segundo turno. O encontro foi realizado pela Record TV RS, em Porto Alegre, com Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB), novamente, trocando acusações, mas também teve espaço para propostas serem apresentadas.
Frente a frente, a posição dos dois candidatos ao Palácio Piratini foi escolhida por sorteio prévio, com Onyx ocupando o púlpito do lado direto e Leite, o esquerdo. No primeiro bloco, que contou com uma rodada de confronto direto, com tema livre, o primeiro a fazer pergunta, por ordem de sorteio, foi Leite – que, antes da pergunta, sugeriu um debate sem ataques, propositivo. Onyx concordou. O acordo, porém, não durou muito.
Os candidatos, no começo, falaram de propostas para a educação. Onyx enfatizou que pretende criar uma secretaria da primeira infância, além de firmar parceria com o Sistema S para capacitar jovens do Ensino Médio, além de destacar que, em seu eventual governo, as escolas “nunca irão fechar”. Leite, por sua vez, afirmou que, em seu governo, colocou os salários dos servidores em dia, além de investir na merenda escolar.
O debate trouxe muito do que já havia sido dito mais cedo, no encontro promovido pela Rádio Guaíba e pelo Correio do Povo. A dupla ainda falou de questões da saúde e seus planos para melhorar esse setor para os gaúchos. Porém, ainda na segunda rodada de perguntas, começaram os ataques. Onyx enfatizou que seu adversário já foi governador, mas que “renunciou e abandonou os gaúchos”. Em contraponto, Leite afirmou que o candidato do PL renunciou à ética ao aceitar caixa 2.
Leite ainda apontou que Onyx, em suas propostas, promete o que o governo atual já está fazendo, perguntando, na sequência, se o seu adversário teria propostas originais para o povo gaúcho.
— O candidato reafirma que vai fazer melhor, que vai fazer mais, isto é, porque fez mal, fez pouco em três anos e meio — atacou Onyx, que afirma que Leite é apoiador do PT.
O tucano, por sua vez, afirmou que Onyx é uma “usina de mentiras”, ressaltando que o seu governo está tendo sequência com Ranolfo Vieira Júnior:
— Eu sei que não está às mil maravilhas, mas está melhorando.
As propostas foram inseridas no meio das trocas de farpas, mas os ataques entre os candidatos foi se intensificando com o passar do debate. Onyx, que prometeu reduzir impostos, afirmou que ele e o tucano têm projetos muito diferentes, destacando que representa o do presidente Jair Bolsonaro (PL), que, segundo ele, “mudou o Brasil”.
Leite, por sua vez, trouxe a pandemia para a pauta, destacando a demora para a compra das vacinas e, em seguida, emendou:
— Eu me vacinei. Vacinar não é um ato individual, mas coletivo. É pelos outros também. Por que o senhor não se vacinou?
Onyx, por sua vez, destacou que essa questão está no campo das escolhas individuais, e logo emendou um ataque sobre as medidas de contenção do vírus promovidas por Leite:
— Na hora que fechou tudo aqui, quando não tinha comida na mesa dos gaúchos, quem fez o Auxilio Emergencial? Fui eu que fiz.
Novamente, a questão do caixa 2 envolvendo Onyx foi trazido à tona. O candidato do PL afirmou que não foi corrupção, mas, sim, uma questão contábil e que já está “tudo resolvido”. O candidato ainda afirmou que Leite aterrorizou o povo gaúcho durante a pandemia e destacou que o tucano ficou dentro do Piratini “pintando mapinha”.
Apesar da discordância, ambos os candidatos defenderam o bilhete único, com integração tarifária no transporte público. Logo em seguida, Leite trouxe novamente a questão do deputado Bibo Nunes, a quem afirmou que é aliado de Onyx, dizendo que as declarações dadas pro Bibo Nunes foram “desumanas e cruéis”, após o mesmo dizer que jovens que não concordam com as suas ideias deveriam morrer queimados.
— Este senhor é falso como uma nota de três reais, mente sem nenhum pudor — rebateu Onyx.
— O senhor tem a ver, sim, ele é do seu partido — devolveu Leite.
No segundo bloco, Onyx perguntou a Leite sobre o que vai ser feito do Banrisul. Leite, por sua vez, destacou que, caso o seu adversário vença, vai colocar a mão no dinheiro do banco, que é uma reserva para pagar compromissos em situação de necessidade, e ainda pontuou que Onyx “pode quebrar o banco”. Leite reafirmou que não vai privatizar o Banrisul, caso seja reeleito.
Onyx, por sua vez, disse que seu adversário não entende o funcionamento do banco ou “faz de conta que não entende”. Destacou que o tucano preparou o Banrisul para vender a “preço de banana, assim como vendeu a CEEE”. Ainda apontou que as suas indicações no banco serão técnicas, sem políticos dentro da instituição.
As trocas de acusações seguiram no decorrer do debate, com Onyx acusando Leite de estar “agarrado com Lula”, e ainda afirmou que o tucano quer discutir sobre a legalização das drogas. O candidato do PL destacou que Leite é frustrado por não ter conseguido estar entre os presidenciáveis e que quer separar o Estado do restante do país.
O tucano, por sua vez, afirmou que não defende o aborto e acusou Onyx de já ter feito insinuações homofóbicas. Ainda trouxe de volta a questão do caixa 2, afirmando que o adversário “lucrou com o roubo”, tendo faturando mais de R$ 100 mil depois do acordo que fez para “se livrar da cadeia”. O tucano ainda emendou, dizendo que não existem suspeitas contra ele.
Após ser criticado pelo seu governo, Leite rebateu que o seu adversário sequer conseguiu estar à frente de um município e afirmou que Onyx está “pendurado” em outra candidatura, a de Bolsonaro:
— Uma mera extensão de Brasília, capacho, pau mandado.
Onyx, então, rebateu:
— Lave a boca antes de falar do presidente Bolsonaro. Sem ele, você não teria pago ninguém aqui no Rio Grande do Sul. Quer enganar quem? Tu és desleal com teu partido, com os gaúchos. Assume uma posição, tchê.
Onyx inda destacou que, caso Lula vença, o Brasil se “transformará em uma Venezuela”, e disse para que Leite “desça do muro”. O tucano, então, afirmou que “lamenta profundamente” como o seu adversário faz política, destacando que não quer muros, mas, sim, um governador que não governe apenas para o lado que o elegeu.
Pós-debate
Na saída, ambos os candidatos falaram com GZH. Leite afirmou que os dois embates do dia foram de “absoluta serenidade para quem tem propostas” e que os debates são importantes para comparar as duas biografias, as duas linhas de atuação, a moral e a ética dos candidatos. O tucano lamentou que apenas ele tenha um plano de governo e enfatizou que o seu adversário é “incapaz de apresentar soluções alternativas”. Sobre a maratona de debates, Leite apontou que, em cada um, os enfoques são diferentes e que, assim, “as pessoas podem ver exatamente em quem podem confiar”:
— A gente consegue expor algumas propostas, é claro, mas eventualmente o debate desaba para outros caminhos. O adversário insiste em falar da eleição nacional, ela é importante, o Brasil é importante, mas são duas eleições no próximo domingo e o primeiro voto é para governador. Primeiro, se escolhe o governador do Estado, primeiro vem o Rio Grande. O Brasil vem em seguida.
Onyx, por sua vez, afirmou estar “muito tranquilo” e comemorou o fato de o debate ter começado às 18h, um horário que considera acessível para os trabalhadores — ele próprio afirmou dormir cedo e acordar às 5h30min. O candidato afirmou estar cansado, mas motivado:
— A gente vem em uma maratona doida. Mas hoje de manhã ainda consegui correr cinco quilômetros. É para tentar manter o gás, né? Mas, é claro, a gente está a ponto de ter uma estafa. Mas o amor pelo Rio Grande e o desejo de transformar vidas é muito maior. E aí, o Deus que capacita diz que a gente voa como águia, que corre e não se cansa, anda e não se fadiga. Está na Bíblia, está no meu coração.
Regras do debate
Onyx chegou ao debate pouco depois das 17h. Leite compareceu à emissora meia hora depois. Cada candidato poderia levar 13 convidados, entre parentes, autoridades e assessores, mas apenas três puderam ficar dentro do estúdio.
Mediado pela jornalista Simone Santos, o debate, que se iniciou às 18h, foi dividido em quatro blocos, durando 1h45min. O primeiro bloco contou com uma rodada de confronto direto entre os candidatos, com tema livre, no formato de pergunta, resposta, réplica e tréplica. O segundo bloco teve a mesma dinâmica que o primeiro.
Já no terceiro bloco, os candidatos receberam perguntas de jornalistas do Grupo Record, com temas de livre escolha da emissora. Novamente, quem respondeu primeiro foi escolhido por sorteio. O adversário pôde comentar a resposta. O candidato que respondeu à questão dos jornalistas ainda teve direito a uma réplica. No quarto e último bloco, os candidatos tiveram dois minutos para as considerações finais. Na parte de fora dos estúdios, apoiadores tremulavam bandeiras e tocavam músicas dos candidatos.