Na noite desta segunda-feira (10), os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul participaram do primeiro debate do segundo turno das eleições. Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) debateram suas ideias na TV Bandeirantes.
A seguir, veja como foi o debate:
O resumo
Com previsão de duração de 1h40min, o debate começou às 22h. No primeiro bloco, os candidatos fizeram perguntas livres, e os ataques foram intensos. Leite focou nas diversas trocas de ministérios de seu concorrente no governo Jair Bolsonaro, chamando-o de "pipoqueiro". Onyx repetiu algumas vezes que seu adversário "mente" e que o governo federal bancou recursos no RS durante a pandemia.
O segundo bloco foi embasado em perguntas feitas pelos jornalistas da Bandeirantes. Os temas tratados foram educação, economia, rodovias, saúde, agronegócio e segurança pública. Já o terceiro bloco voltou a ter confronto direto, e ambos insistiram em temas, com Leite pedindo para Onyx explicar um projeto sobre clínicas especializadas e o ex-ministro questionando o ex-governador sobre sua renúncia ao cargo. O quarto bloco foi para as considerações finais.
O debate em fotos
Bloco a bloco
Primeiro bloco
Confronto direto entre os dois candidatos, com pergunta de 30 segundos, resposta de 2min, réplica de 1min30seg, e tréplica de 1min. A ordem foi definida por sorteio.
- Eduardo Leite começou perguntando. Citou uma palestra em que Onyx teria dito que venderia tudo, mas o candidato do PL negou vender o Banrisul. Onyx afirmou que havia um contexto na palestra, que eram as 600 estatais que o governo federal mantém.
- Leite criticou que Onyx "pipocou" em ministérios porque não deu certo. O ex-governador também falou que o seu adversário se equivoca sobre as reservas do Banrisul, que aponta que desses valores depende a liquidez da instituição e que Onyx pretende "quebrar" o banco. O concorrente do PL respondeu que os comentários eram "mentiras" e que como ministro obteve recursos para ajudar o Estado durante a pandemia
- Em sua pergunta, Onyx citou as contas do Estado, que Leite afirma ter colocado em dia, mas que faltam recursos para a saúde. Leite rebateu que só é mentira o que não convém a Onyx e que ele foi cada vez diminuindo mais nos ministérios após não ter cumprido o mandato de deputado federal que lhe foi concedido pelos eleitores do RS. Depois, Onyx criticou que o tucano que só fazia propostas agora ataca, o que deveria estar ocorrendo por "desespero". Ele classificou o regime de recuperação fiscal (RRF) de "herança maldita". Leite reforçou que seu concorrente só fala de assuntos nacionais, enquanto o debate deve ser de assuntos estaduais, e defendeu o RRF como responsável.
- Leite perguntou quem fez o programa de governo de Onyx e se ele concorda com o conteúdo. O candidato do PL questionou se os servidores públicos estavam de acordo com a forma como Leite governou, citando "cortes de direitos". Onyx ressaltou que Leite fechou o comércio durante a pandemia na época do Dia dos Pais, e defendeu seu plano de governo. Leite afirmou que Onyx não falou nada sobre seu plano, e criticou que o conteúdo não fala, por exemplo, de mulheres, do Banrisul, de saúde mental, de irrigação, e disse que o texto do adversário fala basicamente do brasil, e não do RS. Onyx afirmou que seu plano de governo é conceitual, e que pretende criar a Secretaria da Mulher e da Família, e perguntou se Leite cuidou das mulheres durante a pandemia.
- Onyx perguntou se Leite gostou que o governo Bolsonaro aportou recursos no RS para ajudar na pandemia. O ex-governador criticou o desempenho de Onyx nas tentativas de ser prefeito de Porto Alegre e no ministério de Bolsonaro. Disse ainda que trabalhou bem com Tarcísio de Freitas e Tereza Cristina, diferentemente do seu concorrente, que, repetiu, foi um ministro "pipoqueiro". O concorrente do PL afirmou que em qualquer ministério que estivesse Bolsonaro confiava nele, e citou programas feitos em suas passagens.
Segundo bloco
Jornalistas fizeram perguntas aos candidatos. A resposta podia ter até dois minutos, em ordem definida por sorteio.
- Primeira pergunta foi sobre educação: o abandono das escolas no Estado, que tem o quarto pior índice do país, especialmente com o impacto da pandemia. Leite disse que não é correto afirmar que a educação está entre as piores do Brasil, e sim que melhorou no Ensino Médio, mas que a evasão preocupa, e por isso há um programa chamado Todo Jovem na Escola, que remunera pela permanência nas salas de aula. Ele criticou a falta de reajuste do governo federal para a merenda. Onyx chamou os índices de educação do RS como "vergonhosos", e questionou o aumento de recursos do governo estadual para merenda, e que o RS subiu no Ideb porque "fraudou" os números com a ordem de se aprovar todos os alunos.
- Economia: questão apresentada foi sobre estiagem, fechamento de empresas e vagas de emprego, redução do ICMS, e como resolver essa crise. Onyx culpou o "fecha tudo", afirmando que o distanciamento social quebrou empresas e fechou escolas, causando queda de mais de 7% do PIB do RS. Apontou que não deverá chover no verão e que o governo do estado nada fez até agora sobre isso. Leite disse que nunca houve pensamento no governo de "se deixar isso para depois", a respeito dos fechamentos na pandemia, e que foram salvas muitas vidas. Ele disse que há desburocratização para liberar irrigação com uso de açudes.
- Rodovias foi o tópico seguinte: o debate sobre o aporte de recursos gaúchos em estradas federais. Leite afirmou que os recursos ajudariam a adiantar obras que o governo federal não está conseguindo aportar, e defendeu melhorias nos acessos para que a produção escoe, especialmente ao Porto de Rio Grande. Onyx prometeu acabar com a EGR, recuperar ferrovias, que reduziram de 3 mil quilômetros para mil, segundo ele, e investir em hidrovias.
- No campo da saúde, a pergunta foi sobre a situação na área mental. Onyx afirmou que vai trabalhar com a prevenção ao suicídio e na ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Leite apontou que o Estado vivia uma situação crítica de atrasos de verbas a hospitais quando ele assumiu, e que conseguiu trabalhar para reorganizar a situação, aumentando em R$ 50 milhões os recursos aos municípios, de acordo com o desempenho das prefeituras, inclusive na saúde mental. Sobre
- Sobre o agronegócio, a questão foi sobre o que fazer diante da estiagem. Leite lembrou que a pior estiagem em 70 anos foi enfrentada em meio à pandemia e à crise fiscal. Afirmou que o governo do Estado vai subsidiar financiamentos para expandir a proteção às lavouras. Onyx defendeu reforço à Emater, tecnologia e internet no campo para manter os jovens nas propriedades agrícolas.
- Segurança pública: passado um período de certa tranquilidade, a violência voltou a aparecer com a guerra de facções criminosas lideradas de dentro de prisões. O que fazer? Onyx criticou que Leite tem feito propaganda de melhora na segurança, mas afirmou que isso é resultado de políticas federais. Disse que o sistema prisional é deficiente no RS e que precisa de uma rede de penitenciárias de alta segurança, e prometeu valorizar os policiais. Leite apontou que os indicadores falam por si e que o RS passou de oitavo para quinto entre as menores taxas de crimes violentos, e que em feminicídios foi a segunda maior redução. Também destacou o aumento na frota de veículos da segurança e que pela primeira vez em décadas vai entregar um efetivo maior na segurança do que recebeu e citou a demolição do Presídio Central em andamento.
Terceiro bloco
Novo confronto direto entre os dois candidatos, com pergunta de 30 segundos, resposta de 2min, réplica de 1min30seg, e tréplica de 1min, em ordem invertida em relação primeiro embate.
- Onyx começou criticando a desvalorização do Banrisul. Leite respondeu que ele quer "botar a mão no dinheiro do banco" e que não existe recursos "do banco", e sim dos depositantes. O ex-governador afirmou que as condições do banco melhoraram, já que o governo, seu acionista majoritário, está em melhores condições financeiras, e chamou atenção para os problemas de caixa 2 do oponente. Onyx chamou Leite de "arrogante" e que o último trimestre do Banrisul foi uma "tragédia" devido à "partidarização" do banco. O candidato do PL garantiu que vai sanear o Banrisul e oferecer crédito. Leite afirmou que Onyx está mal assessorado e tem desconhecimento do assunto, afirmando que mexer no dinheiro dos depositantes vai quebrar o banco.
- Leite pediu para Onyx esclarecer como será o plano sobre as clínicas de especialidades médicas que promete. Onyx afirmou que Leite tem um "coração empedrado" e pediu respeito aos pipoqueiros porque "eles não pediram aposentadoria aos 37 anos como tu". O candidato do PL garantiu que vai fazer o Banrisul valer mais. Leite criticou que seu adversário não respondeu sobre as clínicas e pediu que "Deus ilumine a mente" dele. Leite voltou a perguntar sobre as clínicas. Onyx falou que seu oponente renunciou e que perdeu as prévias do PSDB para a Presidência para João Doria.
- Na pergunta seguinte, Onyx perguntou por que Leite renunciou. Leite voltou a criticar que Onyx não falou sobre as clínicas e disse que ele não tem propostas. Sobre a renúncia, disse que já está bem explicado. Afirmou que ganhou direito de resposta sobre quem mentiu sobre aposentadoria. Onyx voltou a perguntar sobre a renúncia após a derrota para Doria e repetiu questão sobre uma "maquiagem" na situação de equilíbrio fiscal do Estado. Leite disse que renunciou ao mandato para não renunciar à política. Comparou que Onyx estará na terça-feira acompanhando o presidente Bolsonaro enquanto deveria estar atuando como deputado federal, e que o governador Ranolfo Vieira Júnior está cuidando do governo do Estado.
- A seguir, Leite perguntou a Onyx quanto foi a perda de repasses do governo do Estado. O candidato do PL disse que o então governador não gastou um centavo dos recursos que eram para a saúde e que o Estado perdeu espaço para Santa Catarina e Paraná, e repetiu que ele trancou os gaúchos em casa durante a pandemia. O ex-governador disse que respeita os pipoqueiros, e apontou que os recursos da covid-19 foram aplicados na saúde. Reforçou que a cada R$ 4 pagos ao governo federal, volta somente R$ 1. Onyx criticou que Leite fala muito de números e nunca de pessoas.
Considerações finais
Três minutos, em ordem definida por sorteio.
- Leite: "Quando meu adversário disse que falo de números e não de pessoas, não é verdade. Mas cuidar das pessoas, exige saber lidar com números. Acho que o senhor se atrapalhou com os números quando houve o caixa 2. Espero que você seja bem-intencionado, confio nisso, porque tive seu filho no nosso governo. Tem que olhar para o RS, não para Brasília".
- Onyx: "Meu projeto fala de pessoas, fala de famílias. Após mais um ataque do meu adversário, temos muitas diferenças. Eu tive coragem, depois fui humilde. Na minha vida pública não tenho uma acusação. Os gaúchos conhecem o meu trabalho, quando estava salvando o Brasil ao lado do presidente Bolsonaro. Um dia Deus vai tocar no teu coração. A gente vai cuidar das pessoas, sim".