Na noite desta terça-feira (27), oito candidatos a governador do Estado participaram do último debate do primeiro turno promovido pelo Grupo RBS. Participaram os postulantes ao Piratini cujos partidos têm representatividade no Congresso: Argenta (PSC), Edegar Pretto (PT), Eduardo Leite (PSDB), Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL), Ricardo Jobim (Novo), Vicente Bogo (PSB) e Vieira da Cunha (PDT).
Mediado pelo jornalista Elói Zorzetto, o debate teve quatro blocos, todos com os candidatos fazendo perguntas entre si.
A seguir, veja como foi o debate:
O resumo
O debate teve início às 22h30min no estúdio da RBS TV, no Morro Santa Tereza, em Porto Alegre. No primeiro e no terceiro bloco, as perguntas tiveram tema livre. Nos demais, o assunto foi previamente sorteado entre 20 temas de interesse da população gaúcha. A ordem em que os candidatos fizeram suas perguntas também foi determinada em sorteio prévio.
Cada participante fez uma pergunta por bloco, destinada a um adversário de sua livre escolha. Todos perguntaram e responderam uma vez a cada bloco, com direito a réplica e tréplica. No caso de eventual ausência algum candidato, o púlpito ficará vazio durante todo o debate e os demais participantes poderão dizer que pergunta fariam ao ausente.
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O debate em vídeo
O debate em fotos
Análise dos colunistas
Debate na RBS TV antecipa clima de tensão do segundo turno
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Houve dois grandes grupos no debate: os que espelharam a polarização nacional e os que refletiram sobre problemas do Estado
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O debate paralelo de Leite, Onyx e Pretto
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Bloco a bloco
Primeiro bloco
Os candidatos perguntaram sobre tema livre. São 30 segundos para cada pergunta, 1min30s para cada resposta e um minuto para réplica e tréplica, respectivamente.
- O debate começou já envolvendo os dois líderes nas pesquisas. Em pergunta de Onyx para Leite, ele perguntou se o governador seria um bom gestor, após questionar sobre a situação da saúde no Estado. Leite detalhou algumas de suas medidas no setor quando era governador. Na réplica, Onyx afirmou que Leite desviou R$ 1 bilhão do Fundeb, e o ex-governador afirmou que a denúncia não passava de uma "armação eleitoral".
- Heinze perguntou a Jobim sobre o piso da enfermagem e o financiamento aos hospitais filantrópicos. Jobim afirmou que pode haver uma "grande quebradeira" na área da saúde, que os enfermeiros estavam sendo utilizados politicamente e que não receberiam o piso.
- A seguir, Edegar perguntou a Onyx sobre as políticas de Jair Bolsonaro (PL), cujo candidato do mesmo partido do presidente apoia. "Colocamos comida na mesa das pessoas com o Auxílio Emergencial", disse Onyx, a respeito do aumento do desemprego durante a pandemia. Edegar citou a denúncia sobre os 51 imóveis que a família Bolsonaro comprou com dinheiro vivo. Onyx falou sobre corrupção no governo Lula.
- Vieira da Cunha perguntou a Edegar sobre o aumento da fome no Rio Grande do Sul. "As pessoas estão se endividando para comprar comida", afirmou o petista.
- Argenta questionou Bogo sobre a geração de empregos no Estado. Bogo defendeu que os empregos sejam gerados nas regiões em que as pessoas vivem e educação profissionalizante.
- Leite falou do equilíbrio nas contas do Estado em seu governo e perguntou se Argenta manteria os programas criados. Argenta defendeu investimentos em infraestrutura.
- Jobim criticou a quantidade de secretarias no Estado e perguntou a Vieira da Cunha como ele comporia essas posições no governo. Vieira afirmou que tem uma ideia diferente de Jobim sobre o tamanho do Estado, dizendo que defende funcionários bem remunerados no poder público. Jobim defendeu processo de seleção de funcionários e poucas secretarias. Vieira comentou que o número de secretarias é secundário e o que importa é atender bem a população.
- Bogo perguntou a Heinze sobre um projeto de futuro para o RS. "É importante que se faça um planejamento a longo prazo e que não mude de gestão para gestão", comentou Heinze.
Segundo bloco
Os candidatos fizeram perguntas sobre temas determinados por sorteio. Os tempos para pergunta, resposta, réplica e tréplica permaneceram os mesmos.
- Leite abriu o segundo bloco com o primeiro tema escolhido, cultura, e escolheu Edegar para responder sobre a sua proposta. O petista prometeu que o Banrisul vai financiar o setor. Leite questionou que o banco não financia, e sim o governo, e comparou números de seu governo com o período em que o Estado esteve sob o comando do PT. Edegar respondeu criticando o pedido de renúncia de Leite e a aposentadoria que receberia.
- Jobim criticou o valor das taxas da Fepam. Leite comentou sobre o equilíbrio das contas do Estado para poder investir no meio ambiente.
- Edegar perguntou sobre empregos, e Onyx criticou as medidas sanitárias tomadas durante a pandemia pelo ex-governador Eduardo Leite. Na réplica, Edegar atacou o "negacionismo" de Onyx durante a pandemia.
- Bogo perguntou a Vieira da Cunha sobre isenções fiscais. Vieira respondeu que defende incentivos fiscais para proteger a economia do RS. Na réplica, Bogo afirmou que em determinados casos as isenções fiscais podem ser adotadas, mas é necessário critério.
- Sobre privatizações, Argenta perguntou a Heinze se ele incorporaria Badesul ou BRDE ao Banrisul. Heinze falou sobre a redução no valor do Banrisul, o que impediria que fosse vendido a "preço de banana". Argenta disse que o Banrisul poderia virar um banco de fomento.om o tema
- Sobre privatizações, Argenta perguntou a Heinze se ele incorporaria Badesul ou BRDE ao Banrisul. Heinze falou sobre a redução no valor do Banrisul, o que impediria que fosse vendido a "preço de banana". Argenta disse que o Banrisul poderia virar um banco de fomento.
- Com o tema municípios, Onyx questionou Bogo sobre a situação no RS. "O governo do Estado não tem perna para cuidar de tudo. Depende de uma articulação com os municípios", afirmou Bogo. Onyx defendeu um trabalho de articulação entre governo do Estado e prefeituras para o desenvolvimento das crianças.
- Sobre educação, Vieira da Cunha disse a Argenta ter ficado "coberto de vergonha" com o resultado dos estudantes do RS. Argenta sugeriu transformar a Uergs em escola técnica.
- O último tema do bloco foi o regime de recuperação fiscal. Heinze criticou o plano, mas Jobim defendeu o RRF. "Não quero que volte o primeiro ano do governo Sartori, quando servidores recebiam atrasado e parcelado", afirmou Jobim. Heinze comentou que a dívida do Estado com a União é impagável.
Terceiro bloco
Novamente, perguntas sobre tema livre, seguindo a mesma dinâmica dos blocos anteriores.
- Bogo iniciou o bloco questionando Leite sobre as perdas causadas pela redução nas alíquotas de ICMS pelo Congresso. Leite respondeu que a medida gera grande preocupação, mas que os recursos de 2023 estão garantidos para programas como o Avançar. Bogo rebateu que nos próximos anos não haveria recursos, mas Leite disse que a compensação dos valores seria para 2023.
- Jobim criticou a situação das escolas e do ensino no Estado e perguntou a solução para o problema para Heinze. O candidato do PP concordou que as escolas estão mal e garantiu que investirá na educação, com investimento no ensino técnico e profissionalizante. Jobim ressaltou que é preciso ter uma fonte de recursos, e citou a privatização do Banrisul como uma solução para isso. Heinze disse que vai vender todos os imóveis que o Estado tem e cobrar de quem deve aos cofres públicos.
- Vieira da Cunha se colocou contra a venda do Banrisul. Onyx afirmou que o Banrisul perdeu valor e que teria R$ 46 bilhões parados na tesouraria do banco. Vieira prometeu ter 200 mil alunos em escolas de tempo integral se for eleito. Onyx apontou que, se eleito, fará o Banrisul entrar em uma nova era.
- Heinze pediu que Argenta falasse sobre a sua proposta para a infraestrutura do Estado. O candidato do PSC citou os programas de infraestrutura da China como exemplo, enquanto Heinze lembrou do projeto de hidrovia na Lagoa Mirim.
- Leite perguntou a Jobim o que ele acha do programa RS Seguro. O candidato do Novo afirmou que manteria o programa, mas questionou por que o governador Ranolfo Vieira Júnior não bloqueou o sinal de celular em todos os presídios e defendeu a separação dos presos comuns daqueles ligados a facções. Leite lembrou da redução de 70% nos roubos de veículos, da reposição de efetivos da segurança e da demolição do Presídio Central para a construção de uma nova prisão. Jobim lamentou as mortes causadas nos recentes confrontos entre facções.
- Argenta questionou Vieira da Cunha sobre como gerar empregos. O pedetista criticou o desemprego, a queda do poder aquisitivo do trabalhador e o congelamento do salário mínimo estadual. O candidato do PSC reforçou a importância do pleno emprego.
- Onyx perguntou a Edegar o que ele achava da situação da saúde no RS. Edegar disse que há filas para exames, que Leite preferiu cuidar da carreira dele e não da saúde e que o governo Bolsonaro cortou recursos das farmácia populares.
- Edegar perguntou a Bogo sobre o aumento da fome no Estado. "Penso que o principal programa social que se deve fazer é contra a fome e a miséria", defendeu Bogo.
Quarto bloco
Mais uma rodada com perguntas sobre tema definido em sorteio.
- Leite escolheu Bogo para falar sobre os servidores públicos. "Precisamos recuperar os salários que estão represados", afirmou Bogo. Leite disse que o RRF não impede aumentos salariais, e sim que a fonte de recursos seja definida.
- Sobre programas sociais, Heinze perguntou a Argenta a respeito do tema. O candidato do PSC exaltou o trabalho de igrejas. Na réplica, Heinze citou o Auxílio Brasil como exemplo de programa social.
- Edegar questionou Onyx sobre minorias, dizendo que foram atacadas pelo governo Bolsonaro. O candidato do partido do presidente da República chamou a ideia de narrativa e complementou que no governo do PT havia mais feminicídios e que na administração atual esse crime caiu 70%. Edegar disse que houve aumento de 33% nas mortes de pessoas LGBTI+ no governo Bolsonaro.
- Onyx questionou Leite sobre o plano para estradas. O ex-governador afirmou que obras de ligação regionais estão sendo realizadas e que o governo federal não tem recursos para investimento nas BRs no RS. Na réplica, Onyx afirmou que Leite omite investimentos do governo Bolsonaro no Estado. Leite disse que Onyx falta com a verdade em alegações a respeito de empregos no Estado.
- Bogo perguntou para Jobim sobre o tema da habitação. Jobim ligou o tema ao saneamento básico, criticando a Corsan pela baixa cobertura de tratamento de esgoto. O candidato do PSB sugeriu a regularização fundiária. Mas Jobim disse que o Estado não tem dinheiro para investir em habitação, e que a solução é dar liberdade econômica.
- Jobim disse a Vieira da Cunha que o turismo foi o setor que mais sofreu com o "fecha tudo" na pandemia. Vieira exaltou o potencial turístico do RS.
- Com o tema reeleição, Argenta defendeu essa possibilidade para os governantes e perguntou a opinião para Heinze. O candidato do PP falou que "se ele (o político) se reeleger, é porque fez um bom trabalho", e mudou o rumo do assunto para salientar a importância do desenvolvimento do RS. Argenta encerrou sua fala defendendo a geração de empregos.
- Na última questão do bloco, Vieira da Cunha perguntou a Edegar sobre as propostas para a saúde. O petista lembrou do governo de Tarso Genro e da alocação de 12% dos recursos na saúde. Ele sugeriu a regionalização da saúde no RS. Vieira criticou a defasagem da tabela do SUS, que, segundo ele, não foi atualizada pelo PT nem pelo governo Bolsonaro, e disse que Leite investiu 10,4% em saúde. Edegar pediu para Vieira não comparar os governos Lula e Dilma com o de Bolsonaro, citando o corte nos valores para as farmácias populares.
Ao final, todos tiveram 1min30s para suas considerações finais.
- Jobim: "Represento um partido com a ousadia de falar a verdade, porque a política impede que os recursos cheguem nas pessoas. Precisamos fazer com que as coisas mudem".
- Onyx: "Represento o governo Bolsonaro, que provou que baixando impostos e cuidando das pessoas recolocou o Brasil no seu caminho. Vamos recolocar o RS no lugar que ele merece".
- Edegar: "Nós representamos o projeto do presidente Lula. Para vocês que querem derrotar o Bolsonaro, que deixou nosso povo na miséria".
- Leite: "Não quero para o Rio Grande esse tipo de política, com ataques e agressões. Tenho muito orgulho do que ao lado do Ranolfo conseguimos fazer nestes anos".
- Heinze: "Tenho certeza que o que aconteceu na eleição de 2018 vai acontecer de novo. Tenho experiência e trabalho entregue".
- Vieira da Cunha: "Me sinto preparado para ser o governador que o RS precisa. Investir em educação pública de qualidade".
- Argenta: "É muito importante dizer o seguinte: queremos fazer um governo muito sério e muito austero. Tem 254 secretarias, podia ter só 15. Temos que cuidar do nosso povo".
- Bogo: "Estão contentes com o que está aí? Quer mudar? Você pode com o seu voto."