O candidato à Presidência e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu fazer reajustes anuais na tabela do Imposto de Renda (IR) e estuda isentar a taxa para quem ganha até R$ 5 mil, se eleito.
— Se tudo se reajusta neste país, por que a tabela do Imposto de Renda não pode ser reajustada para aqueles que vivem de salário? — questionou Lula, durante entrevista à Rádio Super, de Minas Gerais, nesta quarta-feira (17).
O ex-presidente afirmou que pretende escolher uma faixa maior para poder isentar de IR, que, atualmente, é de quem recebe salários menores que R$ 1,9 mil.
— É preciso que a gente discuta uma outra faixa. Fico pensando por volta de R$ 5 mil, ou seja, até lá as pessoas não precisariam pagar Imposto de Renda — declarou.
Lula também voltou a defender a proposta de tributar lucros e dividendos. Para ele, é "inexorável" fazer um debate sobre uma nova política tributária para o Brasil.
— É inacreditável uma pessoa que trabalha para pagar 27,5% no Imposto de Renda e existem escritórios que pagam 14%, 13%, 12%. Vamos fazer uma discussão muito séria. Nós tentaremos fazer com que a produção pague menos, o lucro pague mais, a herança pague mais. Encontraremos um jeito — continuou.
Diálogo com o Centrão
O diálogo com o Centrão também está nos planos do candidato. Lula disse que conversará com todos os políticos do Congresso Nacional, inclusive os que compõem atualmente a base do presidente Jair Bolsonaro (PL).
— O Centrão não é partido político. É um conjunto de forças políticas que se une de quando em quando a qualquer pessoa que estiver no governo na medida em que eles participem do governo. Obviamente, vou conversar com todo mundo, porque não há como governar sem conversar com todo mundo. É muito melhor você fazer um acordo programático com os partidos políticos e governar o país por quatro anos com uma certa tranquilidade — defendeu.
Questionado sobre manter relação com nomes como Roberto Jefferson, candidato à Presidência pelo PTB, e Valdemar Costa Neto, presidente do PL - ambos condenados no Mensalão -, Lula minimizou.
— Se você ficar nominando as pessoas que a gente vai ou não conversar Eu posso conversar com PTB sem precisar conversar com Roberto Jefferson. Eu posso conversar com o PL sem precisar conversar com o presidente do PL — explicou.
Fortalecimento do Fies
O petista prometeu fortalecer o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), fazendo com que o governo federal volte a ser avalista do programa. Lula ainda defendeu a prorrogação das dívidas contraídas por estudantes.
— Não estou preocupado com as dívidas dos jovens com o Fies. Se as pessoas não podem pagar, você pode fazer uma prorrogação da dívida, pode fazer um acordo da dívida. A gente não pode querer sacrificar um estudante que não pode pagar um curso. Não é o Fies que vai quebrar o Brasil, é a irresponsabilidade dos governantes — disse.
No mês passado, o Ministério da Educação publicou uma resolução que regulamentou a renegociação para estudantes com dívidas com o Fies. Em janeiro, o governo editou uma medida provisória com descontos, que, em junho, foi transformada em lei.
De acordo com a resolução, os descontos variam de acordo com o tempo de atraso nos pagamentos e começam em 12%, com a possibilidade de parcelamento em até 150 vezes e abatimento total de multas e juros. Estudantes inscritos no Cadastro Único ou que receberam Auxílio Emergencial no ano passado poderão ter até 99% de abatimento.