Após um primeiro turno marcado por atrasos e ataques hacker, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, celebrou, neste domingo (29), a conclusão do segundo turno de votações para eleições municipais de 2020 sem maiores imprevistos. Grande parte das capitais chegou a um resultado antes das 20h.
— Temos bons resultados para celebrar — disse Barroso em entrevista coletiva.
Ele citou uma passagem de Shakespeare para dizer que "vai tudo bem quando acaba bem".
Boa parte do tempo da manifestação inicial de Barroso foi usada para defender o sistema eleitoral, repetindo que as urnas não ficam em rede e que por isso não podem ser hackeadas. Ele disse que respeita as falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a falta de confiabilidade das urnas, mas que nenhuma fraude foi comprovada até agora.
Repetiu também que o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu pela inconstitucionalidade do voto impresso, além da possibilidade desse possível sistema tumultuar o processo eleitoral. Conforme o presidente do tribunal, a Organização dos Estados Americanos (OEA) colocou o sistema eleitoral do Brasil como o mais ágil e seguro sistema das Américas.
Ao contrário do segundo turno, que totalizou 99% dos votos às 19h30min deste domingo (29), no primeiro turno, a falta de testes em um supercomputador adquirido pelo TSE provocou atraso na apuração em todo o país. A demora de duas horas e 50 minutos foi ocasionada por problemas na inteligência artificial, segundo Barroso, embora o problema não tenha impactado no resultado das eleições.
Durante a terça e quarta-feira (24 e 25), foram feitos testes adicionais no computador e nos sistemas responsáveis pela totalização dos votos e divulgação dos resultados das eleições. As simulações contaram com a participação de cartórios eleitorais de 24 Estados. Com isso foi possível validar a performance e a eficácia dos sistemas de transmissão com o recebimento de arquivos de urna, além da totalização e da divulgação dos resultados.
O ministro afirmou que a abstenção de votos desta vez ficou em 29,47% — no primeiro turno as ausências representaram 23%. Segundo Barroso, embora alto, o índice ficou abaixo do esperado, já que havia a expectativa de grande abstenção por conta da pandemia.
O ministro comemorou também a rapidez da apuração e o aumento de eleitos pretos e pardos (de 29% em 2016 para 32% em 2020) e mulheres eleitas.
Barroso destacou que o TSE conseguiu "neutralizar" as tentativas de cancelamento das eleições por causa da covid-19, o que, segundo o ministro, teria impactos negativos para a democracia. O ministro celebrou o fato de a comissão médica formada para definir os rumos das eleições ter acertado em sua previsão de adiamento para 15 de novembro (1º turno) e 29 de novembro (2º turno).
— Conseguimos realizar as eleições em um momento em que a incidência da doença estava em menos da metade do pico — afirmou.