O comando do Exército solicitou abertura de investigação do Ministério Público Militar contra o coronel da reserva que gravou vídeo disparando uma série de ofensas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na publicação, o militar reformado e apoiador de Jair Bolsonaro (PSL) Carlos Alves afirma que a presidente da Corte, ministra Rosa Weber, é "salafrária", "corrupta" e "incompetente".
"O comandante do Exército, por intermédio de seu Gabinete, encaminhou uma representação ao Ministério Público Militar solicitando que fosse investigado o cometimento de possível ilegalidade", informou o Centro de Comunicação Social do Exército, por meio de nota.
O Exército aponta que o coronel da reserva, identificado como Carlos Alves, "afronta diversas autoridades e deve assumir as responsabilidades por suas declarações, as quais não representam o pensamento do Exército Brasileiro", destacando que o comandante das Forças Armadas, general Eduardo Villas Bôas, é a autoridade responsável por expressar o posicionamento da instituição.
No vídeo que será investigado pelo Exército, o coronel afirma que Rosa Weber "não pode se atrever a aceitar essa afronta contra o povo brasileiro".
— Olha aqui, Rosa Weber, primeiro que eu falo: eu não tenho medo de você, nem de ninguém. Não te atreve a ousar aceitar essa afronta contra o povo brasileiro, essa prova indecente do PT de querer tirar Bolsonaro do pleito eleitoral, acusando-o de desonestidade, de ser cúmplice numa campanha criminosa fraudulenta com o WhatsApp para promover notícias falsas — diz o autor do vídeo, em relação a uma ação que tramita no TSE para investigar o suposto disparo em massa de mensagens contra o PT.
A Segunda Turma do STF decidiu nesta terça-feira (23) pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue o vídeo, que circula nas redes sociais. Na abertura da sessão do colegiado nesta terça, o decano da Corte, ministro Celso de Mello, considerou o discurso do vídeo "repugnante".
— Exteriorizou-se esse discurso imundo e sórdido mediante linguagem insultuosa, desqualificada por palavras superlativamente grosseiras e boçais, próprias de quem possui reduzidíssimo e tosco universo vocabular, indignas de quem diz ser Oficial das Forças Armadas — disse Celso de Mello.