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A 25 dias do início da campanha eleitoral e com os partidos autorizados a realizar convenções, somente dois postulantes ao Palácio Piratini conseguiram completar a nominata ao governo do Estado e ao Senado. Por enquanto, PSTU e PSOL foram os únicos a definir seus candidatos na eleição majoritária. Outras três legendas, entre as quais o PT, não escolheram nem mesmo o candidato a vice-governador.
Poucas vezes se viu, em pleitos anteriores, tantas incertezas nos nomes que serão oferecidos aos eleitores. Para o cientista político Rodrigo González, a demora tem origem nas dificuldades encontrada pelos partidos para formalizar as coligações.
Segundo o professor da UFRGS, a confusão na corrida à Presidência turvou o cenário nacional, com reflexos diretos nos Estados. Outro complicador é a prioridade das legendas em eleger deputados federais, em função da relação direta do número de parlamentares com o tempo de TV e os recursos do fundo eleitoral destinados às siglas.
— Desde 1989, esta é a eleição com o maior nível de incerteza. A sobrevivência do partido pode depender mais do número de deputados que ele tem do que da eleição de governador — comenta González.
Primeiro partido a realizar convenção, o Novo formalizou nesta sexta-feira (20) a chapa ao governo do Estado, mas abriu mão de lançar candidatos ao Senado após a desistência de Sérgio Wais. A sigla chegou a cogitar o nome do ex-jogador de vôlei Gustavo Endres, mas optou por disputar apenas o Piratini.
A escassez de recursos para a campanha e de nomes viáveis para o Senado se espalha por quase todas as legendas. A exemplo do Novo, PMB e a aliança encabeçada pelo PDT não preencheram nenhuma das duas vagas em disputa.
Partidos maiores e bem colocados nas pesquisas de intenções de voto ao Piratini, como MDB, PSDB, PP e PT, têm até agora apenas um postulante ao cargo. O MDB perdeu um dos nomes com a desistência de Germano Rigotto e agora pode lançar José Fogaça.
O PP pretende priorizar apenas a reeleição de Ana Amélia Lemos e, o PT, a de Paulo Paim. Já o PSDB usa a segunda vaga como ativo político para atrair o PRB à aliança.
— Os partidos estão numa situação complicada, pois de nada adianta deslocar um candidato competitivo para o Senado, por exemplo, se ele concorrendo à Câmara pode ajudar a eleger mais um ou dois deputados — pontua González.
Decisões nacionais podem alterar nomes ao Piratini
Na corrida ao Piratini, a formação das chapas está mais adiantada. Dos 10 partidos com pré-candidatos, apenas PMB, PT e PC do B ainda não anunciaram os vices.
A direção do PT tenta repetir a parceria história com os comunistas no Estado, mas há o PDT no meio do caminho. No plano nacional, o PDT trabalha para conseguir o apoio do PC do B à candidatura de Ciro Gomes. Se isso ocorrer, a adesão no Rio Grande do Sul deve se repetir.
— Estamos conversando e não jogamos a toalha de ter o PC do B. A fase de eles apoiarem o PT já passou. Agora, estão de olho no protagonismo e no pragmatismo. Imagina se a Manuela D'Ávila (pré-candidata à Presidência) aceita ser nossa candidata ao Senado — fustiga o presidente estadual do PDT, Pompeo de Mattos.
Nos últimos dias, Pompeo obteve o apoio de Podemos, Avante, PPL e Solidariedade à candidatura de Jairo Jorge ao Piratini, praticamente duplicando o tempo de TV da campanha, que passou de 32 segundos para um minuto e dois segundos. Se atrair o PC do B, chegaria a um minuto e 12 segundos, empatando com o tempo do PT.
O comitê central dos comunistas se reúne neste fim de semana, em São Paulo, para discutir os rumos do partido. Na quinta-feira, a direção recebeu visita dos dirigentes do PT. Na segunda-feira, líderes estaduais das duas legendas devem ter nova conversa em Porto Alegre.
— Acompanhando as reuniões que acontecem no plano nacional, estamos otimistas — afirma o presidente do PT gaúcho, Pepe Vargas.
Na disputa por mais alianças, o único que praticamente encerrou as articulações é o PP. MDB e PSDB ainda duelam pelo apoio de PR e PRB. As duas siglas vinham negociando em conjunto, mas acabaram se afastando nos últimos dias. O PRB deve anunciar suporte aos tucanos na segunda-feira e, o PR, ao MDB.
Os candidatos:
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MDB - PSD - PSB
- Governador: José Ivo Sartori (PMDB)
- Vice: José Paulo Cairoli (PSD)
- Senador: Beto Albuquerque (PSB)
- Tempo de TV para governador*: 2min27s
- Convenção: 5 de agosto
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PSDB - PTB - PPS - PHS
- Governador: Eduardo Leite (PSDB)
- Vice: Ranolfo Vieira Jr (PTB)
- Senador: Mário Bernd (PPS)
- Tempo de TV para governador*: 1min45s
- Convenção: 5 de agosto
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PP - DEM - PROS - PSL
- Governador: Luis Carlos Heinze (PP)
- Vice: Evandro Soares (DEM)
- Senador: Ana Amélia Lemos (PP)
- Tempo de TV para governador*: 1min20s
- Convenção: 4 de agosto
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PT
- Governador: Miguel Rossetto (PT)
- Vice: indefinido
- Senador: Paulo Paim (PT)
- Tempo de TV para governador*: 1min12s
- Convenção: 28 de julho
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PDT - PV - SD - Avante - Pode - PPL
- Governador: Jairo Jorge (PDT)
- Vice: Cláudio Bier (PV)
- Senadores: indefinido
- Tempo de TV para governador*: 1min2s
- Convenção: 26 de julho
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PC do B
- Governador: Abigail Pereira (PC do B)
- Vice: indefinido
- Senadores: Everlei Martins (PC do B)
- Tempo de TV para governador*: 10s
- Convenção: 4 de agosto
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PSOL-PCB
- Governador: Roberto Robaina (PSOL)
- Vice: Camila Goularte (PSOL)
- Senadores: Romer Guex (PSOL) e Cleber Soares (PCB)
- Tempo de TV para governador*: 8s
- Convenção: 22 de julho
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PMB
- Governador: Luiz Fernando Portella (PMB)
- Vice: Danielle Lima
- Senadores: indefinido
- Tempo de TV para governador*: 1,6s
- Convenção: sem data definida
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Novo
- Governador: Mateus Bandeira (Novo)
- Vice: Bruno Miragem (Novo)
- Senadores: não terá
- Tempo de TV para governador*: 1,6s
- Convenção: 20 de julho
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PSTU
- Governador: Júlio Flores (PSTU)
- Vice: Ana Clélia (PSTU)
- Senadores: João Augusto Gomes e Marli Schaule
- Tempo de TV para governador*: 1,6s
- Convenção: sem data definida
* Estimativa de espaço em cada bloco de 25 minutos por turno (tarde e noite) feita com base em cálculo elaborado pela assessoria legislativa da Câmara dos Deputados.