A eleição mostrou o desgaste de algumas figuras públicas que não conseguiram emprestar votos para eleger sucessores ou candidatos apoiados por eles para a Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Nomes conhecidos e com visibilidade no cenário político da cidade não se elegeram para o Legislativo, mesmo tendo cabos eleitorais de expressão.
Entre os nomes de peso que não elegeram seus candidatos a vereador estão o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), os deputados federais Mauro Pereira (PMDB) e Pepe Vargas (PT) e o deputado estadual Vinicius Ribeiro (PDT). O mesmo aconteceu com os vereadores Virgili Costa e Washington Cerqueira, ambos do PDT.
Nas redes sociais, Alceu apoiou as candidaturas das estreantes Marléa Ramos Alves e Rúbia Frizzo, respectivamente, titulares das secretarias Educação e Cultura, mas a influência do prefeito não se reverteu em número de votos. A principal decepção ficou por conta da candidatura de Marléa – considerada a candidata com apoio do gabinete do prefeito. Ela fez 1.063 votos. Rúbia foi ainda pior – teve 878 votos. Para Jó Arse – que conquistou a segunda suplência na eleição de 2012 com 1.698 votos – a decepção foi grande. Ele diminuiu a votação – fez 1.327 votos – e ficou na terceira suplência da sigla. Durante o atual mandato, Jó assumiu como vereador e titular na Secretaria de Esporte e Lazer. Ele diminuiu em 21% o número de votos.
O deputado federal Pepe Vargas não somou ao eleitorado da esposa, a vereadora Ana Corso. Em 2012, ela conquistou 2.883 votos, mas, nesta eleição, teve apenas 1.401. A redução de 51% dos votos acabou com a chance de Ana de permanecer no Legislativo.
O peemedebista Mauro Pereira, que emprestou seu número – 15.677 – para o presidente licenciado da sigla, Ari Dallegrave também saiu derrotado do pleito. Dallegrave fez 952 votos – na eleição de 2012, havia conquistado 1.517 votos. A perda representa 37% dos votos.
A situação também se repetiu com Vinicius. Ele emprestou seu número para Conrado Hanke, mas não foi suficiente – o ex-assessor de Vinicius fez apenas 755 votos na sua primeira candidatura. Na eleição de 2012. Vinicius obteve 5.306 votos e foi o terceiro mais votado da eleição.
Virgili Costa – que conquistou 2.483 votos na eleição de 2012 – também não conseguiu fazer seu sucessor. O filho, Maurício Costa, obteve apenas 742. O médico teve um acidente doméstico que o impediu de fazer campanha para o filho.
Washington – o vereador mais votado na eleição de 2012 com 8.005 votos emprestou seu número – 12.999 – para Rúbia. Nem o prestígio do ex-jogador e fenômeno de votos da eleição passada impulsionou a candidatura da secretária de Cultura.
'Rejeição dos políticos tradicionais'
Para especialistas e analistas políticos, entre as causas do desempenho frustrante de alguns candidatos ao Legislativo, mesmo com apoiadores de peso, estão o grande número de candidatos a vereador – foram 390 em Caxias do Sul –, a falta de recursos para divulgar a campanha e estratégias erradas. No caso do PDT, especialmente, a concorrência era grande.
Para o cientista político Rodrigo Giacomet, dois fatores contribuíram para a rejeição de candidatos apoiados por políticos tradicionais: o desgaste dos políticos por conta das denúncias de corrupção e pela falta de recursos das prefeituras, o que diminuiu o peso do apoio dos prefeitos.
– O (governador José Ivo) Sartori sempre foi muito bem avaliado na Serra, mas hoje (o apoio) não faz tanta diferença. Neste ano, e mais que em outras eleições, houve uma rejeição dos políticos tradicionais. Os padrinhos políticos não conseguiram transferir os votos para seus candidatos – pondera o analista.
Eleições 2016
Cabos eleitorais não empurram candidatos a vereador de Caxias do Sul
Nomes importantes na política caxiense não conseguiram transferir votos para candidatos à Câmara
André Tajes
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: