Exigente e com dificuldade de elogiar. Autêntico, brincalhão. Alguém que gosta de viver cercado de pessoas e de construir coletivamente. São essas as características mais mencionadas quando se busca traçar o perfil do novo governador do Estado, que assume nesta quinta-feira. O peemedebista José Ivo Sartori, 66 anos, é conhecido por suas piadas, mas também por ser arredio com a imprensa.
Conversa vai, conversa vem, consegue-se extrair do novo governador uma definição sobre si mesmo: uma pessoa simples, que sabe ouvir, que não gosta de trabalhar sozinho e que não é ambicioso - e aí ele faz um adendo: esse é um defeito.
Na terça-feira da semana passada, véspera de Natal, ele atendeu à reportagem do Pioneiro em sua casa, ao mesmo tempo em que, junto com a esposa, a deputada estadual Maria Helena, e a filha, Carolina, se preparava para receber familiares que comemorariam a data na residência. Pegou um porta-retrato, mostrou as tradicionais reuniões natalinas e calculou: seriam 25 pessoas.
- Cramento, tchó! - exclamou, transbordando seu jeitão gringo.
A data para a entrevista precisou de uma intervenção de Maria Helena. A deputada decidiu pelo dia 23. O governador eleito assentiu:
- Mulher manda - resignou-se.
Sartori é irrequieto. Em casa, atendia à imprensa e simultaneamente recebia três sobrinhos por parte de Maria Helena (dois vindos de Curitiba, PR). Ainda prestava atenção em barulhos e conversas paralelas, já que uma área, no térreo, encontrava-se em manutenção.
- Que esculhambação é essa aí? - bradou.
O novo governador do Rio Grande do Sul é um apreciador de sopas.
- Pode estar 45 graus, se tiver sopa, eu vou nela.
Gosta de assar coelho no espeto para os amigos, embora lamente que há cerca de oito meses não sobre tempo para tais confraternizações. Coleciona, em Caxias, miniaturas de garrafas de bebidas. Em Porto Alegre, no apartamento no bairro Cristal, tem coleção de chaveiros e bottons.
- Tenho uns 500, 600 - contou.
Ele evita antecipar possíveis medidas de início de governo, mesmo assim dá pistas sobre o caminho a ser percorrido, frisando que a situação é mais difícil do que imaginava. Deseja montar uma "fábrica de projetos" para a obtenção de financiamentos, especialmente para a infraestrutura. Fala em contingenciamento, mas tranquiliza:
- Estou estudando com muito carinho, sem criar percalços, sem criar constrangimentos, nem com servidores, nem com empreendedores, nem com a sociedade gaúcha de todos os setores. Não adianto medidas, porque primeiro tem que começar a fazer para depois dizer.
O tradicional veraneio do casal em Torres deverá ficar restrito a alguns finais de semana em fevereiro.
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