Medidas para evitar superlotação de UTIs devem estar entre prioridades do próximo governo

O Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias do Sul tem um déficit de 96 leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs), considerando-se a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS). O órgão preconiza um mínimo de 165 leitos para um município com 500 mil habitantes - Caxias tem cerca de 470 mil. Levando-se em conta que a cidade é referência para uma região com 1,2 milhão de habitantes, a situação pode ser ainda pior.

No Hospital Pompéia, entidade filantrópica com 60% da capacidade destinada ao SUS, o assunto preocupa. De acordo com o superintendente-geral Francisco Ferrer, os 30 leitos públicos (20 adultos e 10 neonatais), assim como os outros 12 destinados a convênios e particulares, estão sempre lotados. As vagas só não ficam permanentemente ocupadas porque há um período para desinfecção do leito após a saída do paciente.

O problema mais urgente no Pompéia, no entanto, é que entre cinco e oito pacientes que deveriam estar dentro das UTIs precisam ficar instalados em outros espaços adaptados como sala de recuperação ou pronto-socorro. A situação também se repete no Hospital Geral, que atende unicamente SUS e dispõe de 39 leitos.

Essa situação-limite, acrescenta Ferrer, faz com que pessoas que precisam fazer cirurgias importantes, porém não de emergência, tenham de esperar semanas (ou até meses) até conseguir uma vaga. 

- Em alguns casos, a pessoa acaba sendo internada porque, de eletiva, a cirurgia acabou se tornando de urgência - afirma o superintendente.

Em função de afogadilhos como esses, nem a estimativa de abertura de mais 10 vagas no Pompéia, previstas para o 2º semestre de 2015 por meio de convênio com o Estado, serão suficientes para resolver a situação. Quanto muito, amenizá-la.

De acordo com Ferrer, o hospital aguarda o repasse de recursos para iniciar a implantação da UTI 4 no espaço que hoje sedia a enfermaria de cuidados intensivos e a transferência deste espaço para um novo local.

Ainda serão necessários mais R$ 1,1 milhão para a compra de equipamentos da unidade e acertar a verba de custeio de funcionários e manutenção de pacientes.