Passagem por Caxias do Sul mostra que, além de influente, Lula não deixou de ser pop

Mais do que um ex-presidente da República, Caxias do Sul recebeu na noite de quinta-feira a visita do maior fenômeno de popularidade da história recente do país. Relativamente distante dos holofotes da mídia desde a saída do cargo que ocupou por oito anos, Lula mostra ser ainda uma espécie de totem para seus seguidores. Em pouco mais de seis horas na cidade, o homem mais influente do mundo eleito pela revista Time em 2010 mostrou que está longe de ser apenas um nome a mais nos livros de História. 

A idolatria a Lula não chega a lembrar a que se percebe ao acompanhar de perto um artista, de quem se espera pouco mais do que um pedido de selfie, um autógrafo. É de outra ordem. É a de um líder carismático de quem se espera com expectativa o próximo movimento, a próxima palavra. Ao falar para uma grande audiência como a que o ovacionou na casa de shows All Need Master Hall, encarna uma espécie de curandeiro. De seu discurso, espera-se soluções. Sem filtros. E aqueles que o tocam, fazem inveja para os amigos: "Eu abracei o Lula".

- Sempre gostei de ouvir o que ele fala. Hoje, o que mais gostei foi quando disse que não podemos eleger gente que não gosta de pobre. É verdade. Graças ao governo dele, hoje todo pobre tem carro, tem TV de tela plana - explica a dona de casa Roseli Leite, 45 anos.

O carisma do senhor que aos 68 anos declarou não saber se terá saúde para voltar a concorrer à presidência em 2018 perpassa seus seguidores políticos. Sua chegada no aeroporto regional Hugo Cantergiani, por exemplo, era aguardada não apenas por militantes de bandeiras agitadas ou repousadas sobre os ombros, mas também por dois meninos de bicicleta, moradores das redondezas. Um deles, Igor Jardim, 15 anos, conta ter ficado surpreso quando soube que o ex-presidente desembarcaria e quis ficar para vê-lo.