Apesar de obras não decolarem, o governador do Estado, Tarso Genro (PT), garante estar cumprindo as três promessas eleitorais feitas na Serra na campanha eleitoral de 2010: desativar o pedágio de Farroupilha, recuperar estradas e comprar a área para o aeroporto de Vila Oliva. Ele recebeu o Pioneiro e a Rádio Gaúcha Serra na última segunda-feira para uma conversa que durou cerca de 50 minutos.
O governador demonstrou grande ressentimento com parte das empreiteiras que atuam no Rio Grande do Sul, pelo fato de ganharem licitações e não cumprirem plenamente os acordos. Tarso admitiu que a imagem do seu governo está sofrendo prejuízos por causa dessas empresas, mas disse estar otimista de que essa é uma situação pontual. Ele tratou também do cenário eleitoral do próximo ano e da situação do Partido dos Trabalhadores em Caxias do Sul.
Confira os principais trechos da conversa e leia a entrevista completa na edição deste fim de semana.
Pioneiro: A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias lançará uma campanha cobrando melhorias nas estradas. A CIC diz que os transportadores estão desviando das rodovias da região e utilizando as estradas da Grande Porto Alegre para acessar a Serra, elevando significativamente os custos. Por que as obras prometidas há um ano não acontecem?
Tarso Genro: Muitas vezes a vontade do administrador não tem uma correspondência imediata. Herdamos uma série de contratos viciados que tentamos remendar ou rescindir. Estamos superando os problemas, o que às vezes inclui uma discussão áspera com as empresas. A metade das empreiteiras não corresponde aos editais e aos contratos que assumem. Como há muito tempo não eram realizadas obras federativas ou estaduais no Rio Grande do Sul, elas se desequiparam. A CIC deveria fazer um exame com os empreiteiros para ver como se comportam na execução dos contratos.
Pioneiro: As obras do Crema, de recuperação de 195 quilômetros, foram anunciadas em agosto de 2012...
Tarso: Nos temos R$ 145 milhões para as empresas operarem, mas eu não posso intervir nas empresas, gerenciar diretamente a obra. Temos que ter uma certa elasticidade e não romper, para que o prejuízo não se torne maior. Nós temos várias estradas das ligações municipais que não estão sendo feitas por irresponsabilidade das empresas, que não aceitam o rompimento do contrato, consideram aquilo o patrimônio delas e não fazem as obras, embora esse não seja o caso do Crema. Temos 40 ligações municipais feitas ou em andamento, mas deveríamos ter 80.
Pioneiro: A precariedade das estradas não lhe constrange?
Tarso: Estamos enfrentando empecilhos de qualidade das empresas e de vícios contratuais, por isso esse débito com a sociedade gaúcha. Mas é bom salientar que o número de obras em dois anos e meio é muito maior do que em qualquer período anterior. Se as empresas cumprirem os contratos que têm conosco, a situação estará bem melhor no final do ano. No Crema, as empresas prometeram que vão rapidamente recuperar o tempo perdido.
Pioneiro: O senhor vai cumprir a promessa de desapropriar a área do aeroporto de Vila Oliva?
Tarso: Nós vamos compartilhar sim com a prefeitura, não vai ser por falta de recursos que o aeroporto vai parar. Estamos só aguardando a outorga (autorização do governo federal para que o Estado conduza o processo). A outorga pode ocorrer neste ano, embora o ritmo decisório do governo federal seja diferente do nosso. Quando ele toma uma decisão em relação a uma região, ele olha o país. Ele tem uma hierarquia para tomar a decisão, e este aeroporto de Vila Oliva é da hierarquia de primeira linha.
Pioneiro: As suas promessas para a Serra, então, serão cumpridas?
Tarso: As três coisas fundamentais que eu prometi estão sendo realizadas: o fim do pedágio de Farroupilha, o Crema e o aeroporto. Todas elas estão em andamento pleno.
Entrevista
"Não posso intervir nas empresas, gerenciar diretamente a obra", afirma Tarso Genro em avaliação da atuação na Serra
Governador do Estado demonstra descontentamento com empreiteiras, mas garante que está cumprindo promessas
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