Dos 35 assassinatos que ocorreram em municípios da Serra neste ano – são 36 mortes violentas, mas uma delas foi acidental –11 casos já estão com os suspeitos presos, conforme a Polícia Civil. Ou seja, cerca de 30% do total. Os demais seguem em fase de investigação.
Como titular da Delegacia de Homicídios de Caxias do Sul, município que concentra o maior número de homicídios da região, o delegado Caio Márcio Fernandes está à frente da investigação de 15 crimes. Segundo ele, seis já estão solucionados. Os casos não foram detalhados para não interferir nas investigações. Os suspeitos estão identificados, porém, nem todos estão atrás das grades.
Fernandes explicou que os pedidos de prisão destas pessoas estão sendo construídos pela Polícia Civil e são necessárias provas contundentes para serem aceitos pela Justiça. Dos casos solucionados, os principais exemplos são os três feminicídios, de Naiara Maricá, 18 anos, Juliana Denise Ferreira, 39, e Ellen Varela da Silva, 26. Destes, duas pessoas foram presas e uma se suicidou logo após cometer o crime.
De acordo com o delegado, a maioria dos demais crimes que ocorreram em Caxias foram cometidos por desafetos. As desavenças pessoais foram as mais diversas, mas são a principal causa para as mortes. Em dois casos, as vítimas foram mortas porque estavam comercializando drogas em pontos de tráfico, sem a permissão de um superior faccionado.
Os outros oito casos ainda não solucionados no maior município da Serra seguem em investigação e a Polícia Civil trabalha para identificar os autores e descobrir as motivações.
Em 48 horas, Caxias do Sul registrou os dois últimos crimes. Na noite da segunda-feira (6), por volta de 21h30min, Wagner Antônio de Almeida, 25, foi morto a tiros no bairro Vila Ipê. E, na noite seguinte, Wellen Antonio Souza Francisco, 32, foi assassinado na esquina das ruas Hermínio Antônio Modena e Ângelo Racângelo Daniel, no bairro Santos Dumont. Ele levou seis tiros.
Apenas um caso em aberto em Vacaria
Em Vacaria, o delegado Anderson Lima, esclarece que apenas um caso ainda não foi solucionado dos quatro ocorridos. Este é sobre a morte de Dionatan da Silva Flores, 35, assassinado no dia 23 de janeiro, na Rua João Jorge Chedid, no bairro Kennedy. Segundo Lima, até o momento sabe-se que o alvo tinha inúmeras passagens pela polícia, inclusive por homicídio. Acredita-se que traficantes de outras cidades tenham vindo até o município para cometer o crime.
Dos demais casos, o primeiro registrado no ano foi a morte de Otilia Correa Boeira, 75, vítima de latrocínio. O delegado explica que o autor entrou na casa da idosa durante a noite, separou objetos para o furto e vestiu roupas do filho dela. Porém, em dado momento ela acordou e percebeu a situação. O homem a matou asfixiada. O suspeito foi preso em flagrante e segue preso.
Na morte de Tiago de Oliveira Vida, 33, três autores da execução já foram presos. O delegado conta que a vítima já tinha passagens por tráfico de drogas, então acredita-se que um acerto de contas foi a motivação para o crime. Imagens das câmeras de monitoramento próximas da rodoviária da cidade mostram, no dia 30 de janeiro, o encontro entre os quatro homens. Três deles correm atrás de Tiago, sendo que um está armado com uma faca. Quando a vítima é alcançada, é derrubada e atacada pelo trio. Eles seguem presos e o caso já foi remetido ao judiciário.
O último caso de homicídio registrado na cidade dos Campos de Cima da Serra foi o do indígena Jakson Brites, 22. Ele era do Mato Grosso e veio trabalhar em Vacaria em um pomar. No mesmo local, trabalhavam outros dois indígenas, que já tinham rivalidade com a vítima. O homem foi morto com pauladas na cabeça. O acerto de contas foi a motivação da morte. A dupla autora do crime foi presa.
Em Bento, seis crimes estão em investigação
Em Bento Gonçalves, seis crimes já foram registrados neste ano. De acordo com o delegado Fernando Cruz Alexandre, nenhum dos casos foi remetido ao judiciário. Em todos, as provas estão sendo levantadas.
Alexandre salienta que prefere não detalhar cada crime para não atrapalhar as investigações. Mas, em um dos casos, o autor já está preso preventivamente. Ele explica que há crimes cometidos por mais de uma pessoa e pelo menos um dos suspeitos já foi identificado. Essas pessoas foram localizadas graças a outros crimes, como roubos e tráficos.
A maioria dos assassinatos em Bento são ligados ao tráfico de drogas.
Dos quatro homicídios em Carlos Barbosa, um está sem resposta
Em Carlos Barbosa, no mês de janeiro, ocorreram quatro mortes violentas. Destas, de acordo com o delegado Marcelo Ferrugem, apenas uma está sem solução: a de Diego da Silva Mota, 32 anos, encontrado carbonizado nas proximidades da igreja da localidade de Forromeco no dia 6 de janeiro. As investigações seguem em andamento.
As mortes de Douglas Eduardo Canal, 20, Luciano Gonçalves de Souza, 34, e Eduardo José de Souza, 38, nos dias 16 e 17 de janeiro, no mesmo endereço, no bairro Triângulo, foram solucionadas. Segundo Ferrugem, a morte de Canal foi acidental. A arma disparou enquanto era manipulada por ele. Já os cunhados Luciano e Eduardo foram mortos por demarcação de território envolvendo o tráfico de drogas. Nestes três últimos casos, o delegado salienta que há pessoas presas, mas alguns envolvidos seguem em investigação.
Guaporé com dois casos registrados
Em Guaporé, foram duas mortes desde o início do ano: um homem, 46, que não teve a identidade oficial divulgada, e a de Wellington Moraes Nunes, 18. O primeiro crime ocorreu no dia 20 de janeiro, na Rua João Manoel Pereira, próximo ao Cemitério Municipal. O homem foi morto a tiros. Já no segundo, Nunes foi morto no dia 28 de janeiro, na Linha 2ª, no interior do município. De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Tiago Albuquerque, em ambos os casos ainda não há suspeitos presos. As motivações também não foram esclarecidas.
Farroupilha, Cotiporã, Jaquirana, São Francisco de Paula e Garibaldi registram um homicídio cada
No dia 3 de janeiro, Alifer da Silva, 21, foi encontrado morto em um matagal na Rua São Gabriel, no bairro Monte Pasqual, em Farroupilha. Logo após o encontro do cadáver, a Polícia Civil iniciou as investigações do caso. Poucos dias depois, segundo o delegado Éderson Bilhan, em uma ação da polícia para apreensão de armas de fogo, o suspeito foi preso. Durante a investigação do homicídio de Silva, evidências apontaram a participação desse homem, também com 21 anos. O delegado Bilhan destaca que o crime está praticamente elucidado:
— Ele não confessou o crime, inclusive negou, mas há evidências que demonstram a participação. Eu digo praticamente elucidado porque ainda faltam algumas diligências a serem feitas. Mas está bem encaminhado.
Este mesmo indivíduo, segundo o delegado, também é suspeito de uma tentativa de homicídio ocorrida este ano na cidade.
No dia 2 de fevereiro, Gema Spezia, 76, foi morta com um tiro de espingarda, em Cotiporã. O crime foi executado na Linha Almirante Tamandaré, em Capela São Marcos, no interior do município. Na investigação, concluiu-se que o filho de Gema, 38, estava em surto psicótico e a matou. Ele está preso por conta disso, o inquérito está sendo finalizado e ainda na primeira quinzena de fevereiro será remetido ao judiciário.
O delegado Gustavo Costa do Amaral foi o responsável pela investigação da morte de Leomar dos Santos Elias, 21, em Jaquirana. O homicídio ocorreu no dia 10 de janeiro, na Rua Vitória, próximo a um bar, no centro da cidade. As investigações apontaram, segundo o delegado, que Elias havia furtado objetos na casa do autor. Em represália, o autor matou a vítima com disparos de arma de fogo. O suspeito já foi identificado e a prisão preventiva foi solicitada. Porém, ele segue foragido. Amaral não divulgou a identidade do criminoso. Leomar dos Santos Elias já tinha inúmeras passagens policiais, a maioria como menor infrator.
No penúltimo dia de janeiro foi encontrado nas margens da Rota do Sol, na localidade de Lageado Grande, em São Francisco de Paula, o corpo carbonizado de Itacir Correia da Silva, 31. De acordo com a delegada Fernanda Aranha, Silva era natural de Santa Catarina e estava a trabalho na localidade. Na noite anterior ao crime, a vítima foi vista em um bar com outros homens. A investigação aponta a possibilidade de um desentendimento entre o grupo, que culminou na morte do trabalhador. Os suspeitos já foram identificados, porém ainda não foram presos.
Claudete Mausolf, 22 anos, foi brutalmente assassinada na madrugada de 22 de janeiro, na casa dela no bairro São Gabriel, em Garibaldi. O então companheiro da vítima, Ederson Hensel da Costa, foi indiciado nesta quarta-feira (8) por feminicídio com três qualificadoras – motivo fútil (ciúme), uso de meio cruel (marreta e fio de luz) e recurso de que dificultou a defesa da mulher (ela estava dormindo quando foi atacada). Ele golpeou a cabeça da mulher com uma marreta, depois a asfixiou com um fio de luz e a esfaqueou no tórax. O homem se entregou à polícia e segue preso preventivamente. Ele tinha mais de cem passagens pela polícia. O caso foi remetido ao judiciário nesta quarta-feira (8)