A sequência de fatos da chacina em Bento Gonçalves aponta que este foi um crime planejado com alvos determinados. Os atiradores não arrombaram a porta do casebre, renderam os moradores e retiraram da moradia uma mulher, um adolescente e uma criança de um ano de idade antes de iniciarem os tiros. A Polícia Civil contabilizou pelo menos 39 disparos de pistola calibre 9mm e espingarda .12.
A chacina aconteceu na Rua Lajeadense, por volta das 23h desta quarta-feira (6). A moradia pertencia a Jair de Quadros Batista, 48 anos. Ele foi assassinado ao lado do irmão Sérgio Batista, 50, do sobrinho Everton da Silva Batista, 19, e do primo do rapaz, Leandro Batista Alves, 19. Segundo a Polícia Civil, Sérgio, o fiho dele, Everton, e Leandro eram moradores da Região Metropolitana e vieram para a Serra no mês passado.
Pelo modo da execução, a Polícia Civil investiga a chacina como sendo uma disputa entre grupos criminosos pelo domínio do tráfico de drogas. Sérgio e seu filho Everton possuíam antecedentes por tráfico de drogas — o mais velho deveria estar cumprindo pena com tornozeleira eletrônica.
— Não temos, até este momento, nenhum indício de autoria. Sequer temos confirmado o número de pessoas (atiradores) que entraram na casa. Mas, pela experiência e conhecimento da criminalidade da cidade, sabemos que é uma execução provavelmente motivada pela disputa de facções. Provavelmente, as quatro vítimas pertenciam a uma determinada facção do Vale dos Sinos que se defronta com outra facção que tem disputas aqui na Serra. São suposições que serão esclarecidas ao longo das investigações — afirmou, em coletiva de imprensa, o delegado Clóvis Rodrigues de Souza, que é titular de Garibaldi e atua em substituição na Capital do Vinho.
O relato é que os atiradores conseguiram entrar na moradia e obrigaram os quatro homens a deitar no chão de bruços. A suspeita é que os assassinos conheciam o local, por isso tiveram facilidade no acesso.
— É uma moradia pequena, que fica nos fundos de um pátio. É um beco onde o acesso é apenas a pé. A rua fica abaixo do nível onde está essa residência. Um local de muita escuridão. Dentro da casa, encontramos aquele cenário macabro de quatro homens mortos com muitos tiros, na parte frontal e posterior dos corpos, incluindo na face e na nuca — descreveu o delegado.
Sobre as três vítimas que foram poupadas pelos assassinados, a Polícia Civil evitar dar detalhes. A mulher era companheira de Everton. O adolescente também seria primo do rapaz. A criança é familiar deste adolescente. Os três foram conduzidos pela Polícia Civil para um local seguro, segundo o delegado Clóvis.
A Polícia Civil prossegue as investigações buscando por testemunhas e câmeras que possam auxiliar na identificação dos autores, além de aguardar pelo resultado de perícias. Uma informação extraoficial, aponta que os autores são quatro homens com roupas pretas e toucas ninjas que fugiram em um veículo de cor escura.
Execução aconteceu a 300 metros da última chacina
Esta é a maior chacina desde junho de 2019, quando cinco pessoas foram executadas em um bar no mesmo bairro, em Bento Gonçalves. O delegado Clóvis ressaltou que aquele inquérito policial foi esclarecido com o indiciamento de cinco pessoas.
— Aquela chacina anterior acontece nesta mesma rua, cerca de 300 metros do fato atual. É uma região de histórica disputa por tráfico de drogas.
A investigação da chacina de 2091 foi concluída e apontou como mandante um apenado descrito como líder de uma facção, grupo que seria a responsável pelo aumento do número de homicídios em Bento Gonçalves.