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O número de assassinatos registrados na Serra desde a metade de outubro poderia ser ainda maior caso a Brigada Militar (BM) não tivesse interceptado integrantes de uma facção que atacaria rivais no último dia 14. A avaliação é do delegado regional da Polícia Civil, Paulo Roberto Rosa da Silva. A abordagem dos policiais resultou na morte dos seis integrantes do grupo.
O que se seguiu a partir daquele episódio foi uma onda de violência que totalizou 24 mortos em Caxias em outubro, o período mais violento do ano e com maior número de registros para o mês desde 2016. Somente na última semana foram 13 assassinatos na cidade. O número não considera os casos registrados em Farroupilha, que também foi palco de crimes nas últimas semanas.
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Segundo o delegado, a partir do confronto do dia 14, houve um aumento nos conflitos por pontos de tráfico entre três facções, duas originárias do Vale do Sinos e outra de Bento Gonçalves. Os grupos duelam pelo controle de áreas específicas de Caxias e de outras cidades da região. Apesar disso, Rosa afirma que as investigações não esclareceram ainda se houve algum fato específico entre as facções que resultou em um aumento nos conflitos a partir da metade do mês.
— Posteriormente ao dia 14, houve um incremento nas disputas por tráfico de drogas entre facções querendo assumir determinados locais. Não posso estabelecer como um marco inicial. Deu coincidência com aquelas mortes no confronto com a BM, que conseguiu interceptar uma facção que estava em Caxias com o objetivo de praticarem mortes. Se não tivesse acontecido aquele fato, poderia ter ocorrido até mais mortes do que temos agora, se a disputa continuasse (naquele momento) — avalia o delegado.
Conforme Paulo Rosa, normalmente os embates começam quanto uma facção toma o território de outra e uma assassinato acaba dando início a uma sequência de crimes:
— Determinada facção mata um integrante de outra e vem a represália da outra facção tentando tomar o seu espaço.
As investigações foram intensificadas a partir do aumento nos assassinatos, e em, seguida, foram registrados casos em Farroupilha, com um homem esquartejado e outro decapitado. A suspeita é de que essas mortes tenham relação com os três homens e a mulher que foram mortos em outro confronto com a BM em Linha Rio Burati, no interior de Farroupilha, no fim de semana.
De acordo com o delegado, líderes dessas facções já estão presos, inclusive em presídios de Caxias. A suspeita, contudo, é de que as ordens estejam saindo de dentro das penitenciárias. Outros envolvidos nas disputas já foram presos, como um suspeito de envolvimento na morte de um jovem com tiro no rosto no loteamento Campos da Serra. Ele foi detido na quinta-feira (29) e cumpre prisão temporária.
Para tentar esclarecer os crimes e chegar aos envolvidos nos embates entre as facções, a delegacia de homicídios receberá reforço de um delegado até o fim da próxima semana. A unidade também vai contar com mais agentes. A equipe ficará na cidade por tempo indeterminado.