Mais uma vez, um crime violento chocou a comunidade de Caxias do Sul. A vítima mais recente foi uma tecelã de 45 anos, assaltada e esfaqueada enquanto caminhava os últimos 50 metros para chegar ao trabalho. Mais uma vez, o autor é um viciado em crack. Os quatros roubos com morte de 2019 em Caxias do Sul foram cometidos por usuários que precisavam saciar o vício.
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O autor confesso da morte de Eliane Paula Mazzochini é Matheus Delsoto, 24, preso pela Polícia Civil menos de 10 horas após o assassinato, no loteamento Sanvitto. O suspeito estava escondido na casa de familiares no bairro Desvio Rizzo. Segundo o delegado Adriano Linhares, o criminoso é viciado em crack e possui passagens por tráfico de drogas e violência doméstica. Na delegacia, Delsoto confessou e deu detalhes do crime.
— É o crack, sempre é o crack. Enquanto não mudar essa legislação, estaremos juntando mortos. São famílias dilaceradas dos dois lados: uma é da pessoa que morreu e a outra é a destes viciados que estão perdidos na vida — desabafa o chefe da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
A morte e a prisão do autor confesso do crime de quinta também reforçam a postura de tolerância zero da Polícia Civil contra latrocínios. Os quatro crimes deste ano foram esclarecidos em menos de 24 horas e seis investigados seguem recolhidos preventivamente. Sobre o caso mais recente, a Draco segue em busca do comparsa de Delsoto, que estava junto no momento do latrocínio da tecelã. Ele não participou das agressões.
Latrocínios em Caxias do Sul:
Desde 2016, Caxias do Sul registrou 28 roubos com mortes e todos foram esclarecidos, como mostra o Contador da Violência.
2016: 8
2017: 9
2018: 5
2019: 4
Usuário roubava carros por R$ 5 a R$ 30
O primeiro latrocínio aconteceu no dia 5 de março, quando o dono de uma lavagem do bairro Salgado Filho foi morto a tiros durante uma tentativa de assalto. Darci Alves de Brito, 68 anos, foi atingido por dois tiros no peito e na cabeça. De acordo com testemunhas, Brito tentou evitar que o criminoso levasse o carro de um cliente e por isso foi baleado.
No dia seguinte ao crime, Dieverson Marcos da Silva, 31, que foi apontado como o autor dos disparos, e Gregory de Souza da Silva, 23, que era o proprietário do Corsa azul utilizado no crime, foram capturados no bairro Mariani. Segundo a Polícia Civil, Dieverson confessou ser dependente químico e que costumava praticar roubos de carros em troca de R$ 5 a R$ 30.
Ambos os indiciados seguem recolhidos no sistema penitenciário. O processo teve uma primeira audiência no dia 2 de julho, mas o ato foi prejudicado pela colidência de defesas (quando os réus são representados pelo mesmo defensor, mas tem versões distintas). A Defensoria Pública foi intimada da situação e uma nova audiência foi agendada para 15 de outubro.
Dupla atacou casal a pedras
O segundo crime foi na madrugada de 6 de julho, quando um morador do bairro Charqueadas foi morto a pedradas. Maicon Roberto Contenda da Silva, 29, e a esposa foram perseguidos e atacados por dois ladrões quando caminhavam pela Rua Cristiano Ramos de Oliveira, cerca de um quilômetro da residência onde moravam. O casal tentou fugir, mas a mulher foi agarrada pelos cabelos. Ao reagir, o marido foi agredido com golpes de pedra e morreu. Os bandidos recolheram o dinheiro do bolso da vítima e fugiram correndo.
A coleta de informações levou até uma área verde que fica próxima ao crime e seria conhecida pelo consumo de drogas. Aproximadamente oito horas após o crime, Jovane Anschau Batista, 27, e Rodrigo dos Santos, 37, foram presos em flagrante e reconhecidos pela esposa da vítima.
A dupla possui antecedentes por furtos e um perfil considerado comum para usuários crack. Eles seguem recolhidos no sistema penitenciário. O processo está em fase de instrução na 4ª Vara Criminal.
Viciada esfaqueou homem que a acolhia
A terceira vítima foi Luis Francisco Siqueira Borges, 62, que foi encontrado morto em sua própria residência na noite de 23 de agosto. O idoso estava amarrado ao lado de sua cama e tinha lesões por faca na cabeça e no tórax. Menos de 24 horas depois, Jocemara Pereira Maciel, 38 anos, foi presa e confessou o crime.
A mulher é moradora de rua e admitiu ter esfaqueado o idoso porque este não queria que ela usasse crack e jogou fora sua droga. Segundo a investigação, Borges costumava ajudar e acolhia Jocemara em sua casa, por isso não havia sinais de arrombamento na moradia da Rua dos Jardineiros.
Jocemara relatou ter roubado uma jarra elétrica e um ferro de passar roupa, mas alegou que jogou fora os objetos porque não funcionavam. Ela pretendia retornar à residência e roubar outros pertences, mas perdeu as chaves da casa.