O 39º assassinato de Bento Gonçalves em 2019, aparentemente, não tem relação com o tráfico de drogas, explicação apontada para o aumento dos homicídios na cidade nos últimos anos. A vítima é Fabio Cirino Nunes, 39 anos, que deixava seu local de trabalho na Rua Antônio Michelon, no bairro Santa Rita, quando foi alvejado. De acordo com a Brigada Militar (BM), ele possuía passagens apenas por ameaças relacionadas a violência doméstica.
Conforme os relatos iniciais, Nunes deixava a empresa com um colega quando foi alvejado pelo tripulante de uma motocicleta. O ataque aconteceu às 18h10min de segunda-feira (26). A suspeita é que o assassino tenha utilizado uma pistola 9mm na execução.
O caso é investigado pela 2ª Delegacia de Polícia. Com essa morte, Bento Gonçalves contabiliza 39 assassinatos em 2019. São 34 homicídios, um feminicídio (morte de mulher em razão do gênero) e quatro criminosos mortos em confrontos com a polícia.
Polícia Civil confirma que vítima era suspeita de feminicídio
Após a morte de Nunes, um outro homicídio foi lembrado. Em novembro de 2017, a técnica em enfermagem Charline Francielli Martins Ribeiro, 34 anos, foi esfaqueada numa estrada vicinal que liga Garibaldi a Farroupilha. Ela era moradora de Bento Gonçalves e ex-companheira de Nunes, contra o qual havia registrado ocorrências de ameaças.
Quase dois anos depois, o assassinato de Charline segue em investigação pela Delegacia de Garibaldi. Procurado pela reportagem, o delegado Clóvis Rodrigues de Souza afirma que não há nenhuma prova contra Nunes.
— Apontar ele como suspeito é quase uma condição natural pelo fato de ser ex-companheiro. Ele foi ouvido naquela mesma noite, no contexto do crime, e naquela época foi liberado. É um caso que segue em aberto, um homicídio do qual não temos autoria conhecida— aponta.
Charline foi encontrada sangrando em um Ka branco na Linha Sertorina, interior de Garibaldi. Ela estava no banco do motorista e tinha ferimentos por faca no pescoço, tórax e abdômen. A chave do carro havia sumido, mas nenhum outro objeto havia sido roubado.
Na época, Nunes apresentou um álibi e testemunhas relataram que ele estava trabalhando. O delegado Souza afirma que irá procurar saber as circunstâncias do novo assassinato.
— Entraremos em contato com o distrito policial de Bento para, eventualmente, ver alguma novidade do caso anterior. Por enquanto, tudo é hipótese.Não há fato que relacione as duas mortes neste primeiro momento — afirma o chefe da Polícia Civil em Garibaldi.