Bento Gonçalves é o nono município gaúcho com mais assassinatos em 2019, conforme os dados divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP). Com 25 homicídios até o final de julho, a Capital do Vinho está a frente de municípios que tem o dobro de sua população, como Santa Maria e Novo Hamburgo. Porém, esta violência elevada só aparece no índice de homicídios. Nas estatísticas de roubos e furtos, Bento Gonçalves aparece na 25ª e 26ª posição no estado, respectivamente.
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Os números evidenciam um sentimento ambíguo que é vivido pelos moradores desde o ano passado. As notícias de tiroteios e execuções em plena luz do dia assustam, por outro não há um sentimento de insegurança espalhado, principalmente para quem caminha na área central, e os turistas continuam a visitar a cidade e as vinícolas.
— Não é uma situação de violência da cidade, é uma situação pontual de briga por ponto de venda de drogas. Não interfere nas atividades da cidade. Não podemos misturar as coisas porque seria uma grande mentira — declarou o prefeito Guilherme Pasin (PP) em entrevista ao Pioneiro no dia 10 de junho, após uma chacina com cinco mortes no bairro Municipal.
O crescimento nos homicídios, que se repete há cinco anos, é explicado pela disputa entre facções pelo domínio sobre a venda de drogas. Desta forma, as execuções ficam concentradas em bairros periféricos.
— Quem é atingido por estes homicídios, normalmente, são pessoas ligadas ao crime. Por isso, não afeta tanto (a população). O crime patrimonial influencia mais para existir uma sensação de insegurança na comunidade, o que não está acontecendo em Bento — aponta o capitão Rogério Schuh, da Brigada Militar (BM).
— De fato, não há um temor de andar na rua e ser assaltado. Mas, o homicídio é o crime mais grave e um índice de estatística de segurança pública, base e orientação para os planos estratégicos das polícias Civil e Militar. Embora as pessoas possam achar que não irá atingir as chamadas pessoas de bem, precisamos combater — corrobora a delegada Maria Isabel Zerman Machado.
O desafio das forças policiais, portanto, é ampliar o combate as facções e ao tráfico de drogas, que motivam os homicídios, sem perder o controle sobre os crimes patrimoniais. A dificuldade é a mesma citada em outros municípios gaúchos: a falta de efetivo.
Homicídios em crescimento
Bento Gonçalves contabiliza 33 assassinatos em 2019. No mesmo período do ano passado, eram 30 casos. A tendência é que a Capital do Vinho aumente o número de mortes por violência pelo sexto ano consecutivo.
Em 2018, o município registrou 52 assassinatos, o que corresponde a uma taxa de 43,68 por 100 mil habitantes, considerando a população de 119.049 pessoas estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta média de mortes por população coloca a Capital do Vinho entre 85 municípios mais violentos do Brasil, conforme o Atlas da Violência divulgado nesta semana sobre os dados de 2017.
O levantamento nacional feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que, há dois anos, a Capital do Vinho já era a cidade mais violenta do interior do RS, com uma taxa de 33,9 por 100 mil habitantes. A publicação levou o Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro) de Bento Gonçalves a reivindicar mais policiais junto ao governo estadual.