Geraldo Mariani, 56 anos, preso preventivamente pela morte da companheira em Garibaldi no último sábado tinha registros de ameaças a outras três mulheres.
Leia mais:
Mulher é morta a facadas por marido em Garibaldi
Mulher morta pelo companheiro em Garibaldi vivia com ele havia seis meses
Segundo o delegado da Polícia Civil do município, Clóvis Rodrigues de Souza, a primeira passagem policial de Mariani foi em 2005. A mulher dele, à época, fez duas comunicações à polícia de que estava sendo ameaçada de morte pelo marido. Depois disso, ele voltou a figurar entre as ocorrências de violência contra a mulher em 2009. Desta vez, por ameaça a uma companheira. Oito anos após, em 2017, mais dois registros contra Mariani, feitos por uma nova companheira, também por ameaça. Todos os casos se tornaram inquéritos ou termos circunstanciados, quando anterior à Lei Maria da Penha, de 2006. Atualmente, não havia medidas protetivas em favor das vítimas.
– Essas situações todas foram encaminhadas à Justiça. Em todas, o Poder Judiciário fez o que deveria ter feito, mas mesmo na justiça, prepondera, em algumas situações da Lei Maria da Penha, a vontade da própria mulher que, daqui a pouco, diz não querer mais medida protetiva de urgência e diz não querer processar o seu agressor – explica do delegado.
O último fato que o relacionou à polícia foi o assassinato da atual companheira, com a qual se casaria em breve, Jocelaine de Paula Neto, 45 anos. Apesar de ter relatado ameaças sofridas por ele a um familiar, ela não chegou a procurar a polícia.
– Ele tem várias situações com ex-companheiras em anos anteriores. Começa em 2005 e vão se repetindo com companheiras diferentes – relata o delegado.
Jocelaine foi morta com três golpes desferidos com duas diferentes facas que atingiram o tórax e o pescoço da vítima durante um desentendimento com Mariani. Ela morava com ele há cerca de seis meses no porão da casa da sogra, na Linha Marcílio Dias. Mariani foi preso em flagrante no local. Na segunda-feira, a prisão foi convertida em preventiva, o que sugere que ele aguardará julgamento na cadeia. Segundo o delegado, ele se manteve calado durante interrogatório. Ontem, o delegado recebeu procuração de um advogado para representá-lo, porém, como a situação não está definida, o nome não foi divulgado.
Antes da ocorrência do final de semana, o último caso de feminicídio em Garibaldi, segundo o delegado, havia sido em 5 de julho de 2014. O autor foi preso cinco dias após de ter cometido o crime. Foi julgado, um ano e dois meses depois, e condenado a 37 anos de prisão.
Assistência
Em Garibaldi, de acordo com o delegado, no momento em que a vítima procura a delegacia, são pedidas ao judiciário as medidas protetivas de urgência e a mulher já é encaminhada à rede de atenção às vítimas de violência no município por meio do projeto Mais Marias, que oferece assistência judiciária.
– Antes o agressor era representado pelo defensor público ou por um advogado constituído por ele, enquanto a própria vítima, às vezes, entrava sozinha na sala de audiência. Isso é uma distorção. Hoje, existe, além da cientificação sobre os direitos da mulher, também o acompanhamento físico de advogados do projeto Mais Marias – pondera o delegado.