A Polícia Civil está prestes a responsabilizar um adolescente de 17 anos por cinco mortes ocorridas na noite de 2 de agosto, a mais violenta de 2018 em Caxias do Sul. Os ataques, que teriam sido orquestrados por uma facção, resultaram em uma chacina no bairro Planalto e outro assassinato no bairro Castelo. Conforme a investigação, o adolescente portava uma pistola de calibre restrito e estava acompanhado de dois comparsas adultos.
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A conclusão dos inquéritos, segundo o delegado Rodrigo Kegler Duarte, depende apenas da chegada de algumas informações técnicas. Como a investigação prossegue, não são divulgados detalhes da identidade dos três suspeitos.
— Estamos bem avançados, faltando somente estas informações técnicas serem remetidas pelas empresas, principalmente de telefonia, para proceder o apontamento de autoria. Há fortíssimos elementos indicativos contra esse adolescente, que fazia uso de uma arma de guerra, uma pistola 9mm — aponta o chefe da Delegacia de Homicídios.
A chacina no bairro Planalto aconteceu durante ataque ao Beco da Esperança, que é conhecido por policiais por seu histórico de venda de drogas. Os atiradores chegaram em um automóvel e abriram fogo contra dois casais que estavam na rua. Foram mortos José William Oliveira Machado, 23 anos, Tatiane Vidal dos Santos, 19, Emerson Luiz da Cruz Ferreira, 39, e Cassia Valadão dos Santos, 21, que estava grávida de oito meses.
Após fugir do bairro, os assassinos trocaram de veículo e seguiram para o bairro Castelo. O adolescente teria ido na carona de uma motocicleta para matar Luís Eduardo Biegelmeyer dos Santos, 34, que foi executado dentro de um bar na Rua Governador Euclides Triches.
A Polícia Civil tem indícios de que o terceiro criminoso, que participou da chacina no Planalto, deu cobertura ao ataque no Castelo a partir de um automóvel. Os três investigados seriam moradores do bairro Primeiro de Maio, que é o domínio original em Caxias do Sul de uma facção oriunda de Porto Alegre.
Apesar de não ter dúvidas sobre o contexto de crime organizado e disputa pelo tráfico de drogas nas cinco mortes, a Delegacia de Homicídios ainda não conseguiu determinar quem foi o mandante dos ataques.
— Até o momento, não conseguimos esclarecer que integrante fez a determinação da execução. Sabemos que esta ordem veio de uma determinada organização criminosa, mas não sabemos quem foi o mandante. Como os líderes dessas organizações criminosas estão presos, só pode ter sido por telefone — afirma o delegado Duarte.
Homicídio no Panazzolo tem contexto diferente
No mesmo intervalo de tempo dos ataques no Planalto e Castelo, Maicon Ricardo Bordin foi assassinato no bairro Panazzolo naquela noite. Inicialmente, foi cogitado que esse homicídio havia sido "programado" pela mesma facção. Contudo, a Delegacia de Homicídios acredita que são casos diferentes.
— Até o momento, não se pode confirmar que o fato do Panazzolo está relacionado com os outros dois. Ainda não está fechada (a investigação), mas aparentemente não é o mesmo contexto e o próprio modo de execução me parece diferente. Neste momento, não atribuímos a facções — aponta o delegado Duarte.