Com três assassinatos, o mês de setembro foi o menos violento do ano em Caxias do Sul. Além disso, o índice é o menor dos últimos sete anos, igualando os registros de abril de 2017 e junho de 2014. Nos últimos 18 anos, houve apenas um mês que terminou sem assassinatos no município: janeiro de 2008. Com os resultados de setembro e dos primeiros quatro dias de outubro, Caxias do Sul está há 21 dias sem registrar um homicídio.
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Uma das explicações para a redução, na visão da Brigada Militar, é o reforço no patrulhamento de bairros que mais registram esse tipo de crime — como o Primeiro de Maio e o Euzébio Beltrão de Queiróz. O tenente-coronel Jorge Emerson Ribas lembra a atuação das Patrulhas Especiais, vindas de Porto Alegre, durante a segunda quinzena de agosto.
— Sabemos que diversos fatores influenciam, mas, no nosso ponto de vista, foi resultado desse trabalho focado, que perdurou por 20 dias, e mais o incremento de horas extras que recebemos em setembro e possibilitou manter essa presença (nos bairros de maior incidência).
O comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) ressalta que a maior presença de PMs nas ruas é um objetivo constante. A dificuldade, que é notória e debatida há anos no Rio Grande do Sul, vem da defasagem de mais de 50% no efetivo da corporação.
— Há uma limitação de recursos e acabamos atuando em cima das prioridades de cada momento. Quando surgem demandas, (o efetivo) é direcionado para determinado local e horários. Felizmente, quase todos os indicadores (criminais) estão em queda. Meu pensamento é que, quanto mais efetivo e viaturas nas ruas, mais crimes em geral estarão sendo evitados. Nosso grande objetivo é estar o mais presente nas ruas possível — explica.
Pela Polícia Civil, o foco está no cerco ao crime organizado. O delegado regional Paulo Roberto Rosa da Silva ressalta que já foram mais de 40 prisões relacionadas a homicídios neste ano.
— (Nesse período) foram internados dois adolescentes que acreditamos serem matadores (das facções). São dois menores de idade que estão sendo responsabilizados em investigações (em fase de conclusão). Nosso trabalho está focado diretamente nessas facções e no grande tráfico de drogas, efetuando prisões das pessoas ligadas a esse crime organizado.
O delegado Adriano Linhares, que temporariamente responde pela Delegacia de Homicídios, lembra que esta redução faz parte de um padrão na segurança pública. Após uma crise, a pressão dos órgãos de segurança tendem a reduzir os índices.
— Quando ocorre um pico (de crimes), há uma reação da polícia e um recolhimento da criminalidade. Me parece ser uma ordem natural dos fatos. Eles cometem crimes até serem descobertos e reprimidos. Neste momento, há vários infratores presos. É o ciclo — explica.
Maiores períodos sem assassinatos:
2018:
Desde 13 de setembro = 21 dias
2017:
De 23 de março a 23 de abril = 31 dias
2016:
De 9 de dezembro a 31 de dezembro = 23 dias
2015:
De 20 de abril a 8 de maio = 19 dias
2014:
De 28 de agosto a 18 de setembro = 22 dias