O relacionamento com outros jovens ligados a grupos criminosos levou aos assassinatos de Filipe Ramos da Silva, 16 anos, no bairro Vila Ipê, e Lucas Antunes de Andrade, 14, no Montes Claros. A Polícia Civil não constatou que os dois adolescentes tivessem envolvimento em práticas criminosas, mas chegou a autoria dos homicídios: rivais de amigos das vítimas. Filipe e Lucas estão entre os 25 adolescentes e crianças que foram mortos em Caxias do Sul nos últimos três anos.
O primeiro crime ocorreu em 10 de julho de 2016, quando Filipe estava com um grupo de amigos na Rua das Arapongas e foi atingido por disparos vindos de um Chevette branco. A Delegacia de Proteção à Criança e Adolescentes (DPCA) conseguiu identificar o proprietário deste veículo e responsabilizou dois adolescentes, de 15 e 17 anos na época, pelo homicídio.
De acordo a investigação, a morte foi motivada por uma desavença entre grupos rivais. O autor dos disparos seria um adolescente de 17 anos que, dias após o crime, teria contado ter participado de um tiroteio e ter acertado Filipe. Na época, a Polícia Civil cumpriu mandado e apreendeu um revólver calibre .38 na casa do suspeito.
No Chevette branco, também estaria um adolescente de 15 anos. Em depoimento, o rapaz admitiu estar no veículo naquele dia, mas não no momento da morte de Filipe. O adolescente afirma que estava no carro quando um grupo rival atirou contra eles e afirma que pediu para não se envolver no confronto, por isso foi embora mais cedo.
O proprietário do Chevette era Samuel Ricardo Reis, 20 anos, que alega não ter participação no homicídio. Ele relatou à polícia que, naquele dia, emprestou o veículo para o adolescente de 17 anos ir comprar maconha. Após saber do ocorrido, Reis vendeu o Chevette "para não se incomodar". O adulto não foi indiciado.
Adolescente foi morto em frente a namorada
O inquérito sobre a morte de Lucas foi concluído no dia 4 de junho de 2018. O adolescente foi alvejado quando conduzia uma motocicleta pelo bairro Montes Claros no dia 8 de setembro de 2016. A namorada de 16 anos do adolescente estava na carona do veículo e não se feriu. Testemunhas reconheceram Gleidson Ramos, 22, e um adolescente, de 17 anos na época, como autores do crime.
Para a Polícia Civil, o assassinato foi motivado por vingança. Conforme a investigação, o adolescente foi envolvido em uma rixa entre grupo rivais do bairro Montes Claros. Os desafetos acreditavam que Lucas seria o autor do homicídio de um amigo, o que nunca foi comprovado. Por este motivo, o adolescente estava sendo ameaçado.
Conforme comprovado em investigação da Homicídios, Ramos fazia parte do bando de José Iram Pereira, que, na ocasião, controlava a venda de drogas no bairro. Apesar de amigos de Lucas relatarem que este era usuário de maconha, a investigação não encontrou nenhuma relação dele com o tráfico na localidade.
