
Após dois anos de investigação, a Polícia Civil de Caxias do Sul concluiu que Fernando Giovani Maculan, 17 anos, foi morto pela reação de uma vítima de assalto. Inicialmente, a Polícia Civil acreditava que o rapaz tinha sido vítima de um latrocínio (roubo com morte). A investigação, contudo, concluiu que foi Fernando quem tentou assaltar um adolescente mais jovem, que era praticante de artes marciais e reagiu em legítima defesa. Fernando foi um dos 25 adolescentes e crianças que foram mortos em Caxias do Sul nos últimos três anos.
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O caso ocorreu em 10 de maio de 2016 em uma parada de ônibus da Rua Pinheiro Machado. Ferido por golpes de faca, Fernando tentou embarcar e pedir socorro em um ônibus que parou. O rapaz foi encaminhado para o hospital, mas não resistiu.
O inquérito foi fechado em 21 de maio de 2018. Em seu depoimento, o adolescente de 15 anos, na época da morte de Fernando, relatou que praticante de Kung Fu e Muay Thai e, naquela noite, havia saído da academia e aguardava por um ônibus na Rua Pinheiro Machado quando sentiu um objeto pontiagudo nas costas e ouviu o assaltante dizer "passa o celular, bem quietinho, bem quietinho".
O adolescente relata que tentou acalmar o ladrão e respondeu que não tinha um celular. A vítima afirma que estava nervosa e, ao sentir que o objeto pontiagudo se afastou, entrou em luta corporal com o assaltante. Para se defender, o rapaz puxou um canivete que havia sido presenteado por um familiar.
No depoimento, o adolescente não lembrava de detalhes do ocorrido, mas conta que a luta terminou quando a faca do assaltante caiu. O jovem recolheu o objeto do chão e correu de volta para academia, onde relatou o assalto ao seu professor. A Polícia Civil encontrou imagens de uma câmera que registrou o adolescente indo até a parada de ônibus e logo depois retornando para academia, o que condiz com o depoimento do rapaz.
Ainda no depoimento, o adolescente relatou que os adultos o acalmaram após o ocorrido e até chegaram a lhe chamar de herói, mas que nenhum o aconselhou a procurar a polícia. O canivete e a faca do assaltante teriam sido jogados fora por um destes adultos.
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) concluiu que a o adolescente de 15 anos agiu em legítima defesa e o inquérito foi remetido para análise do Ministério Público (MP).