Candidato à reeleição, o governador José Ivo Sartori (MDB) apresentou suas propostas aos empresários da região na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul nesta segunda-feira. A palestra também serviu como prestação de contas do mandato. Na segunda-feira da semana passada, a entidade recebeu o candidato do PSDB ao Piratini, Eduardo Leite.
Sartori citou como conquistas, por exemplo, a redução do déficit que, segundo ele, era de R$ 25,5 bilhões quando assumiu e deve fechar o ano em R$ 8 bilhões, e a criação da previdência complementar pública, que limita as aposentadorias ao teto do regime geral do INSS.
O governador, que tem colado sua imagem à do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) — até adotou o apelido Sartonaro neste segundo turno, uma junção dos dois nomes —, não deixou de comentar os atos pró-Bolsonaro realizados no domingo. Ele participou em Porto Alegre e disse que foram atos de civismo e patriotismo e de desejo de mudança.
— Vou continuar tendo posição firme na luta contra a corrupção, pelo aprofundamento da Lava-Jato, mas contra a criminalidade e de combate à impunidade. A impunidade não pode existir, seja no setor que for. Quem tem culpa tem de ser punido exemplarmente. Sou defensor permanente da liberdade e democracia e da preservação das instituições democráticas no nosso país. E o verde e amarelo se apresentou em todos os lugares do nosso país — discursou.
Questionado após a palestra, durante coletiva de imprensa, se concorda com a declaração de Bolsonaro de que os adversários políticos, se referindo ao PT, serão banidos do país, Sartori não foi claro. Deu a entender que prefere esperar para ver se realmente essa será a postura de Bolsonaro, caso eleito.
— Primeiro vamos aguardar e vamos quer qual é que vai ser o comportamento em relação a isso. Eu não posso me antecipar a uma palavra anterior. O que eu eu sei é que o MDB do Rio Grande do Sul decidiu apoiar o Bolsonaro no qual, evidentemente, vou cumprir a palavra e espero que todos tenham o mesmo juízo porque de um lado ou de outro também apresentam questões que, às vezes, não são aceitas por um lado ou outro e vamos aguardar a eleição e para ver como vai ficar.
No domingo, em vídeo gravado e direcionado a manifestantes pró-Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, o candidato do PSL disse:
— Perderam em 2016 e vão perder na semana que vem de novo. Só que a faxina será muito mais ampla. Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter de se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para cadeia. E Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa Pátria.
Crise — No encontro com a diretoria da CIC, antes da palestra, Sartori disse ter certeza de que a crise financeira atual é pior que a de 1929, conhecida como Grande Depressão:
— É muito maior que a daquela época.
Reforçou a importância do Regime de Recuperação Fiscal como saída para as dificuldades financeiras do Estado. Contou que a folha de pagamento consome R$ 1,2 bilhão por mês e que, deste valor, 60% é gasto com aposentadorias.
Presidente da CIC, Ivanir Gasparin aproveitou o encontro e pediu apoio do governo para a iniciativa privada.
— Se está sendo parcelado (o salário dos servidores), aqui fora não tem mais salário — queixou-se.
Confira tópicos da entrevista coletiva:
Concessões
"Nós temos o nosso processo de concessões e é bom que eu explique bem para que ninguém tenha dúvida, porque falar é fácil, fazer é um pouco diferente. Primeiro lugar, as concessões temos de fazer cumprir a lei que é o marco legal, que é a modelagem e que está sendo feita por uma contratada nossa que é a KPMG, que é uma empresa de reconhecimento internacional e que, portanto, está concluindo ainda a modelagem e nós não podemos antecipar ou fazer antes da hora, atropelar acontecimentos no sentido de viabilizar concessões. Nós vamos conceder e nós temos de começar bem para que isso continue bem, seja bem feito e que não haja sobre ela nenhuma palavra que venha a dizer que isso não está conforme a ética, a responsabilidade e as coisas corretas."
Apoio a Bolsonaro
"Eu espero que esta eleição, primeiro vamos aguardar e vamos quer qual é que vai ser o comportamento em relação a isso (declaração de Bolsonaro de que adversários políticos podem ser banidos do país). Eu não posso me antecipar a uma palavra anterior. O que eu eu sei é que o MDB do Rio Grande do Sul decidiu apoiar o Bolsonaro no qual, evidentemente, vou cumprir a palavra e espero que todos tenham o mesmo juízo porque de um lado ou de outro também apresentam questões que, às vezes, não são aceitas por um lado ou outro e vamos aguardar a eleição e para ver como vai ficar."
Medidas para reduzir o déficit
"Primeiro lugar, redução de secretarias, não ocupação de cargos de confiança, controle sobre os gastos do poder público, passagens, diárias, horas extras e, acima de tudo, o fato de tu evitar algumas organizações que o Estado tinha e não precisava mais ter. Se tu não tem dinheiro, nós tivemos, inclusive, que mudar a legislação e permitir a troca de imóveis para outras ações de outras propriedades."
Aeroporto de Vila Oliva
"O Estado deu a outorga (autorização para administrar) para o município de Caxias do Sul fazer o que ele desejar fazer com o Aeroporto de Vila Oliva. O que acontece: que seja incluída na licitação inclusive a desapropriação das terras que existem ali. Se existem empreendedores que desejam ter um aeroporto que pertença à iniciativa privada, o Estado fez a sua parte e, portanto, colocou à disposição, através dessa outorga ao município, que ele pode fazer o que ele deseja e pode incluir, inclusive, a desapropriação na futura constituição de um aeroporto dessa forma."
Biografia dos candidatos
"Talvez seja uma manifestação (pesquisar biografias) muito pessoal, porque eu conheço a realidade do RS, conheço as finanças e sei a situação que existe e pela minha vida e pela minha trajetória."