É pela identificação dos assassinos contratados que a Polícia Civil tem conseguido reduzir a agressividade das duas facções criminosas que disputam o tráfico de drogas em Caxias do Sul. Ao descobrir os nomes dos membros que atuam como matadores de aluguel, a Delegacia de Homicídios consegue relacionar e elucidar diversos casos, ao mesmo tempo que desmantela a parte mais violenta destas organizações criminosas.
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Um destes assassinos seria Rodrigo Martins Anunciação, 30 anos, que recentemente foi indiciado pela morte de Claudiomiro Paim dos Reis, no bairro Vila Leon. A execução ocorreu no dia 6 de junho do ano passado, quando Reis foi chamado para o lado de fora de sua casa, na Rua Rosana Prezzi Battisti, e alvejado com tiros de quatro calibres diferentes — o que sugere a participação de vários atiradores. A Delegacia de Homicídios chegou até o nome de Anunciação durante a investigação de uma outra execução: pouco mais de um mês após o assassinato no Vila Leon, Bruno Pires Bolsonelo, 24, foi sequestrado da casa de familiares no Santa Fé e morto a tiros em um terreno baldio no Portal da Maestra.
Naquela ocasião, os investigadores rastrearam o Siena branco utilizado pelos assassinos e o encontraram em uma garagem particular. O box era alugado por Anunciação e a perícia encontrou digitais dele no Siena. A Polícia Civil ainda descobriu que, anteriormente, o investigado utilizava a mesma vaga para guardar um Focus vermelho. Este carro havia sido flagrado por câmeras de monitoramento nas imediações do assassinato de Reis.
— Era um automóvel roubado e que estava com uma placa falsa. Após a execução (no Vila Leon), este carro foi mandado (pela facção) para fora de Caxias. No lugar dele, foi trazido o Siena branco, que foi utilizado no homicídio seguinte (de Bolsonello) — explica o delegado Rodrigo Kegler Duarte, titular da Delegacia de Homicídios.
O Focus foi roubado em Caxias, mas os proprietários não reconheceram Anunciação como autor do crime. A situação era esperada pela Delegacia de Homicídios, afinal a facção costuma encomendar os roubos com outros membros. Anunciação, como as evidências estão comprovando, faria parte de um grupo responsável pelas execuções.
— A motivação do crime é a disputa pelo território do tráfico, assim como ocorreu no caso posterior (de Bolsonelo) — resume o delegado Duarte.
Pela morte de Reis, Anunciação foi indiciado por homicídio qualificado por recurso que dificultou a defesa da vítima. Apesar de responder a dois processos por assassinato e ser descrito pelos policiais como matador de aluguel de uma facção, o réu foi autorizado a responder aos processos em liberdade. Na época da investigação sobre a morte de Bolsonelo, Anunciação estava recolhido na Penitenciária de Osório por crimes de tráfico de drogas e receptação. Quando foi levado para depoimento, o investigado se reservou ao direito de permanecer calado. A última informação é que o indiciado está morando em Vacaria.
DENUNCIE
Informações sobre assassinatos podem ser repassadas a Delegacia de Homicídios, de forma anônima, pelo telefone 3238-7728 e pelo aplicativo Whatsapp no número 98414-6902.
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