O esclarecimento e indiciamento dos responsáveis pelo ataque ao ônibus da Visate, ocorrido na noite de sexta-feira, é prioridade na Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) da Caxias do Sul. Os agentes buscam entender qual o elo entre os autores do incêndio e o grupo que morreu em confronto com a Brigada Militar (BM) no bairro Primeiro de Maio no dia anterior.
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Entre os quatro mortos está Leandro de Melo Alves, 20 anos, assaltante considerado de alta periculosidade e que já havia demonstrado desejo em atear fogo em um ônibus. De acordo com o delegado Adriano Linhares, ele investigado por roubos de carro e já tinha contra si dois pedidos de prisão temporária protocolados no Poder Judiciário. Uma delas era referente a um roubo a uma propriedade rural. O documento foi enviado à Justiça no dia 17 de outubro, uma semana antes do confronto. A intenção dos pedidos era submeter Alves a reconhecimentos e esclarecer a sequência de crimes.
Os investigadores da Defrec, no entanto, estavam ainda mais próximos da prisão de Alves. Na manhã do confronto com a BM no Primeiro de Maio, os agentes monitoravam um Citroen C3 roubado pelo grupo criminoso na noite anterior. O assalto ocorreu por volta das 18h30min do dia 22 de novembro, na Rua Coronel Flores, no bairro São Pelegrino. O veículo foi localizado na garagem de um prédio do bairro Panazzolo. A intenção era esperar a chegada dos criminosos e fazer prisão em flagrante, o que possibilitaria a apreensão de armas e reconhecimentos.
— A Polícia Civil tinha pleno conhecimento deste grupo e sabia como estavam atuando. Eles não tinham uma grande organização. Havia oscilação (entre os membros que participavam dos assaltos), mas o Leandro (de Melo Alves) era o ponto central. Ele era o mais violento do grupo e o foco da investigação. Todos os crimes que eles estavam cometendo, estávamos conseguindo identificar. A prisão era iminente — afirma o chefe da Defrec.
Ao saber do confronto no Primeiro de Maio, Linhares seguiu para o bairro e localizou, nos pertences de Alves, a chave do automóvel. Na sequência, a Defrec prendeu, por receptação de veículo roubado, o dono da vaga em que estava o Citroen. Como a investigação sobre outros integrantes deste grupo criminoso prossegue, a Polícia Civil não divulgou a identidade deste preso.
ENTREVISTA
Pioneiro: Devem acontecer outros ataques a ônibus deste tipo?
Delegado Adriano Linhares: Descarto esta possibilidade. Pela forma como as investigações estão avançando, foi um fato isolado e extremamente malsucedido. Continuam os trabalhos e haverá desdobramentos. A Polícia Civil continua com a investigação após a prisão em flagrante. Os infratores não tiveram qualquer resultado positivo.
Qual foi a motivação do ataque de sexta-feira?
Vou me abster de dar uma resposta determinante. As investigações continuam. É um trabalho silencioso por natureza. A linha de investigação é sobre latrocínio tentado.
E a informação prévia que a Defrec possuía?
Tínhamos uma informação sobre aquele sujeito (Leandro de Melo Alves) e a Polícia Civil trabalhava na investigação. Aquele sujeito (Alves) não iria colocar fogo. Se não tivesse ocorrido o confronto, ele seria preso. Posso te garantir. Não sei se todos eram do mesmo grupo. Em princípio, eles (os dois presos em flagrante após o ataque a ônibus) não atuavam em roubos de veículo (com Alves). Não sabemos qual é o elo entre eles, se moravam no mesmo bairro ou não.
Houve um mandante para o ataque a ônibus?
Trabalhamos com todas as linhas de investigações, mas é muito pouco provável.
Há relação destes criminosos com facções?
Em regra, todos os "malandros" querem ser de uma bandeira. A psicologia explica isso. É um comportamento visto em diversas áreas, é o desejo de se sentir parte de um grupo. Eles querem dizer que são disso ou daquilo. Nós trabalhamos sobre os fatos praticados, no caso, o roubo de veículo. Estávamos prontos para a prisão deles. Que foi o que ocorreu com o sujeito (receptador) que ficou para trás.